Via Franca

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sábado, 4 de julho de 2020

Quarentena - 4º dia


Quatro de abril, sábado...
Foi ao hospital e tirou a sonda, usou saias estes três dias, pois facilitava o manejo com a sonda, que o incomodava muito... Brincava muito com isso, dizendo ser um escocês.
Passou a usar fraldas, mas encarou de boa... Dizia que era uma cueca descartável, rsrs...
Fiz a barba e o cabelo do meu pai, ao som do Barbeiro de Sevilha, do Rossini ("largo al factotum"). Usei a sua navalha. Lembrei-me de todas as vezes que o vi no trato "dia sim, dia não" com a tarefa de barbear-se... Espuma, navalha e loção. Saía do banheiro com aquele cheirinho que até hoje eu tenho na memória, de "pai barbeado" e, mesmo usando produtos idênticos, não consigo resultado parecido em mim (o perfume fica diferente no meu rosto). Deve ser coisa de pele...
Gostava também de ir à barbearia, no caso para cortar o cabelo... Inclusive, o seu último corte foi feito por mim, na régua, milimetricamente aparando o seu "caramanchão", rsrs.
Sempre frequentou o mesmo salão, ali na estação, onde dois barbeiros dividiam cadeira... Era lá que sabia de todas as fofocas e novidades em primeira mão... Era onde se informava também quem ainda estava vivo ou já havia "partido antes do combinado".
Uma vez, não faz muito tempo, precisei dar uma aparada na minha barba e perguntei para El Cid, qual dos dois barbeiros era melhor procurar, lá no salão. Ele não pesou duas vezes: "o Zé".
Eu quis saber o porquê da indicação.
- O Zé tem a mão mais firme, pois é mais novo. O Alcides tem oitenta e seis anos...
Daí, aliviado, agradeci e, só por curiosidade, perguntei para o meu pai, a idade do Zé.
- Oitenta e quatro!!!
De fato, me passou segurança...

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