Via Franca

Via Franca

domingo, 26 de julho de 2020

Quarentena - 26º dia

Vinte e seis de abril... Domingo...
Piadista, um contador de histórias... Adorava relacionar os fatos do cotidiano com os causos dele. Até hoje, quando eu e a minha esposa falamos algo que não é muito engraçado, mas que tem uma certa graça, cantamos "Seu Edercides lá, laralará, lalá.." imitando a famosa música do Sílvio Santos quando chamava os seus jurados no Programa de Calouros.
Uma das piadas que ele sempre contava era a da galinha que estava fugindo do alagamento e foi subindo nas partes mais altas do poleiro, depois passou para o telhado da casa e da cumeeira pulou para a antena, mas quando água cobriu tudo e foi chegando já no corpo dela, foi esticando o pescocinho na medida que o seu corpo foi ficando submerso... Daí, quando perguntávamos: "e aí, pai, o que aconteceu?", ele arrematava, "ué, ela morreu). E desmanchava-se num largo sorriso, olhando para os lados, esperando a aprovação geral...


É bem comum, ainda hoje, os candidatos a algum cargo político, prometerem mundos e fundos, usarem uma boa oratória e abusarem de estratégias já consolidadas pelo tempo, para conseguir minguados votos que podem decidir uma eleição.
Mas, apesar da farta falácia e de discursos cada vez menos convincentes da maioria deles, nós eleitores, somos protegidos por uma legislação eleitoral, que deixa cada dia mais difícil, o abuso de práticas incoerentes com uma sociedade democrática.
Inclusive diminuiu um pouco o número de candiadtos folclóricos, que marcavam mais pela sua excentricidade do que pelos projetos de governo.
Um deles, ainda na ativa, estudioso convicto dos métodos populistas das décadas de 40, 50 e 60, principalmente de Getúlio, Ademar de Barros, Juscelino e Jânio, ainda via naquela maneira arcaica de fazer política, uma chance de se eleger a deputado federal.
Montou vários comitês no interior, fazia carreatas por pequenas cidades, bebia café no copo do eleitor, pegava criancinhas pobres no colo, entre tantas outras estratégias, que ainda são permitidos pelo TRE (por "debaixo do pano", ele ainda conseguia um caminhão de terra, meio metro de areia e outros 'agrados" para um ou outro correligionário mais confiável).
Com isso, ia sendo conhecido em cada vez mais lugares deste interiorzão.
Até que, em um desses dias de intensa campanha, decide aumentar a sua capacidade de atuação.
Aluga um Cessna, com piloto e tudo, e arma uma estratégia infalível: deslocar-se de avião entre muitas pequenas cidades, fazendo comícios relâmpagos de poucos minutos cada um.
Decolou bem cedinho, da cidade de São Paulo, e escolheu uma área com dezenas de pequenos municípios, bem próximos entre si.
Antes do almoço já tinha discursado em seis cidadezinhas.
Ao descer na sétima, viu que os seus assesssores montaram o palanque na pista do próprio aeroporto.
Economia primordial de tempo!
Desembarcou rapidamente e já se dirigiu ao microfone:
- "Povo de Santa Rita..."
O seu auxiliar, mais que rapidamente, corrigiu o nosso nobre candidato, já que Santa Rita, seria a próxima cidade.
- "Doutor, aqui é Três Porteiras!"
E o candidato sem pensar, ainda com o microfone aberto:
- "Ah, é tudo a mesma porcaria..."
Elegeu-se, mesmo tendo perdido alguns votos em Três Porteiras!
Em construção...


Nenhum comentário:

Postar um comentário