Via Franca

Via Franca

sábado, 27 de abril de 2019

Cemitério da Saudade da cidade de Franca (SP)

No último final de semana estive com o meu pai no Cemitério da Saudade, localizado bem no centro da cidade de Franca (SP). Fomos verificar as condições de conservação do túmulo da nossa família e também as possibilidades de reforma dele para atender as exigências atuais naquele sepulcrário.
Como muitos sabem eu tenho um certo fascínio pela arte tumular e pelos "campos santos", em geral, inclusive sendo parada obrigatória em qualquer cidade que visito pela primeira vez... Não sou pesquisador, nem tampouco estudioso do tema, mas a arquitetura, estrutura física, objetos de adorno e arte, sempre prenderam a minha atenção. Como escrevi acima, me fascinam...
Túmulo da nossa família e o meu pai
Sei que já fizeram muitos estudos e teses sobre o Cemitério da Saudade, inclusive já li alguns deles, mas para escrever este post, entrei no site "Arte Funerária Brasil" (www.artefunerariabrasil.com.br) da professora Maria Elizia Borges (UFG) e retirei as informações mais específicas de lá.
Uma primeira coisa que chama a atenção é que ele é mais antigo (o primeiro sepultamento foi em novembro de 1855) que o cemitério mais conhecido de São Paulo, o da Consolação (1858) e o primeiro da capital, o de Santo Amaro (1856).
Há túmulos bem antigos e com uma arte tumular muito delicada e bela também. Claro, que com o crescimento da cidade e a total ocupação da necrópole, muitas sepulturas já passaram por uma intensa transformação, mas mesmo assim, restam ainda belos exemplos da sensibilidade artística aplicada ao respeito e compungência do "post mortem"...
Captei algumas imagens que, pela minha pressa naquele momento, não estão com a devida grandeza e importância do local retratado, mas dá para ter uma pequena noção da beleza da arte do lugar.
Fica aqui um convite para alguns amigos do Senac Franca pensar em um roteiro turístico que envolva também a visita ao Cemitério da Saudade, nos moldes de outros tours que acontecem em diversos cemitérios do mundo (me perdoem se já existe este roteiro, pois estou escrevendo agora "de orelhada", rsrs)... Me coloco à disposição para pensar em algo bem didático para poder levar alunos de Franca e região e discutir um pouquinho da história da nossa cidade, de personagens e passagens, além do simbolismo e beleza da arte tumular, assim como faço nos diversos cemitérios da capital paulista com grupos escolares e turistas em geral...
Para valorizar ainda mais este tipo de ação, muitas famílias que possuem jazigos lá, poderiam incentivar artistas locais a voltarem a produzir peças de arte tumular, valorizando a diversidade estética e artística que temos na atualidade. Voltaria um pouco da "leveza" que está sendo quebrada pela frieza dos novos túmulos reformados para atender as normas atuais do lugar (erguidos como verdadeiros "arranha-céus").
E "os que lá estão" continuarão saudando "os que lá chegarão"...
Para os amigos que não são de Franca e que querem também conhecer o nosso principal cemitério, depois das compras de sapatos ou após assistir uma peleja basquetebolística do melhor time do Brasil, o Cemitério da Consolação fica na Rua Simão Caleiro, 1430, bem em frente a uma charmosa pracinha, no centro da "cidade das Três Colinas"...
PS.: não gostei de ver muitos túmulos servindo de varal para roupas e como porta ferramentas para as pessoas que provavelmente trabalham lá... A maneira como eles conversavam, como usavam os túmulos como local de descanso e a bagunça na parte de trás da capela, me deixou muito triste... Há a necessidade de uma boa conversa da administração do cemitério com estas pessoas para orientar melhor sobre a relevância do lugar que eles estão trabalhando (inclusive, poderia ser feito com eles a primeira ação educativa, o primeiro tour lá, no cemitério)...





























quinta-feira, 25 de abril de 2019

Histórias, Culturas e Territorialidades Indígenas na Cidade De São Paulo


O professor Casé Angatu Xukuru Tupinambá (juntamente com Adriano Cara de Gato tupinambá) vai ministrar um curso no próximo final de semana no SESC 24 de Maio em São Paulo (SP) refletindo sobre a presença indígena nas memórias, histórias, culturas, identidades e territorialidades da cidade de São Paulo, no Brasil e em nós mesmos.
O curso está dentro da programação "Abril Indígena" da entidade e é grátis (mas, requer inscrição prévia).
No sábado, dia 27 de abril, das 10h às 18h uma troca de saberes, experiências, conhecimento e vivências será feito no próprio local.
Já no domingo, dia 28 de abril, das 13h às 16h30, a proposta é uma caminhada (intitulada "Caminhada Memórias dos Povos Originários na Piratininga Pauliceia") saindo do SESC 24 de Maio em direção à Praça da Sé, Liberdade e Bixiga, com o objetivo de resgatar a memória, a identidade, os saberes e o protagonismo dos povos originários que constituíram e ainda constituem a Pauliceia, que também é chamada de Piratininga (peixe seco). Há a possibilidade de adentrar o Museu Padre Anchieta no Pateo do Colégio. neste caso, o custo com o ingresso de acesso ao museu é de responsabilidade do próprio participante da atividade (R$8,00 inteira, R$4,00 meia e R$2,00 para aposentados ou maiores de 60 anos).
Durante o curso haverá exposição e venda de produtos de arte(sanato), produtos e frutos do manejo indígena de Olivença, sul do estado da Bahia, como colares, pulseiras, cocares, maracás, flechas, arcos, farinha de mandioca, azeite de dendê, leite de coco e licores indígenas (gengibre, jenipapo e cacau), além da venda dos livros "Nem tudo era italiano - São Paulo e pobreza na virada do século XIX -XX" do Casé Angatu e a obra coletiva "Índios no Brasil - vida, cultura e morte", com participação também dele.
Esta unidade do Sesc fica na rua 24 de maio, 109, centro de São Paulo (SP).
Imagem do último evento que fizemos com o Casé Angatu no Pateo do Colégio, em 14/04/2019

Mais informações nos links a seguir.

quinta-feira, 18 de abril de 2019

Filme "O Tradutor"


Ontem assisti lá no Reserva Cultural o filme cubano/canadense "O Tradutor", protagonizado pelo Rodrigo Santoro.
Confesso que fui surpreendido pelo enredo, baseado na história verídica do pai dos seus diretores (os irmãos cubanos Rodrigo e Sebastian Barriuso) que viveu em uma Cuba pré-queda do Muro de Berlim, onde havia fartura e segurança quanto ao futuro do país, amparado pela economia soviética e, posteriormente, o colapso provocado pelo fim a ajuda daquele país à economia cubana. Isso, me encantou muito, pois além de uma história forte e muito sensível (o tema principal mexeu muito comigo), os diretores também usaram a película para retratar um pouco do passado do seu país, não só dos seus pais (não resisti a este trocadilho).
Poderia escrever dezenas de linhas sobre a fotografia, a música, a bela interpretação dos seus atores (não só os protagonistas), mas encerro os meus comentários por aqui. Assistam...
Sinopse: um professor cubano de literatura russa, Malin, vê a sua vida transformada ao ser designado como tradutor na ala infantil de um hospital em Havana. Ele deve servir de intérprete entre os médicos e as vítimas do acidente nuclear de Chernobil, recém chegados a Cuba para tratamento.

quarta-feira, 17 de abril de 2019

"Tchau, querida"

Resultado de imagem para filme tchau querida
Hoje, dia 17 de abril (às 19h), o Centro Cultural Maria Antônia exibe o filme "Tchau, querida" produzido pelos Jornalistas Livres, marcando os três anos do golpe de 2016. Após a exibição, haverá um debate com a presença dos diretores (o documentarista Gustavo Aranda e o jornalista Vinicius Segalla) e convidados.
"Tchau, querida" retrata os quatro dias retrata os quatro dias de votação do impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, em 2016, do ponto de vista dos movimentos sociais e dos cidadãos comuns que se deslocaram para Brasília para acompanhar este momento da história política brasileira. Os acampamentos , as manifestações, as ideologias, a votação, o papel da imprensa, as cores e os símbolos de cada lado revelam a polarização política presente na época e os primeiros sinais de um discurso conservador que chegaria ao poder dois anos depois.
Centro Cultural Maria Antônia - sala Carlos Reichenbach, hoje, às 19h. Grátis.
Rua Maria Antônia, 258/294 - Vila Buarque - São Paulo (SP), próximo à estação Higienópolis-Mackenzie da linha amarela do Metrô. Fones: (11) 3123-5200 e 3123-5202.

quarta-feira, 10 de abril de 2019

2ª Feira de livros da UNESP

Resultado de imagem para feira de livros da unesp


Começa hoje e vai até o próximo domingo a 2ª Feira do Livro da Unesp.
De quarta-feira à sábado funciona entre 9h e 21h e no domingo encerra mais cedo, às 18h.
O evento é gratuito e acontece em uma área anexa ao Instituto de Artes e Instituto de Física Teórica no campus da UNESP de São Paulo, próximo à estação Palmeiras-Barra Funda da linha vermelha do Metrô.
São 160 editoras, muitas delas também presentes na já consolidada feira da USP (que existe há mais tempo). O grande barato é que para participarem, as editoras tem garantir um desconto de, no mínimo, 50% do valor de catálogo. Bem interessante...
Outro diferencial da feira lá na cidade universitária do Butantã é que acontecerão também palestras, pequenos cursos e bate papos com autores e personalidades diversas, ou seja, uma intensa programação cultural.
Eu destaquei algumas, mas pelo link a seguir, dá para acessar toda a programação.
http://feiradolivrodaunesp.com.br/programacao-cultural/
Hoje, às 19h tem apresentação da Orquestra Acadêmica da UNESP, Grupo de Percursão PIAP e Grupo de Câmara da UNESP.
Amanhã, dia 11 de abril, às 16h, tem palestra com Oswaldo Faustino ("África e Africanidades") e às 18h vai acontecer um bate-papo com o escritor José Miguel Wisnik, com autógrafos do livro "Maquinação do Mundo".
Na sexta-feira, dia 12 de abril, "Rotas literárias de São Paulo", às 14h, uma palestra com Goimar Dantas (Senac), apresentação da peça "Pauliceia Desvairada", às 16h, com o Teatro didático da UNESP, montagem inspirada na obra homônima do Mário de Andrade, um roda de conversa também às quatro da tarde com Leon Denis ("Por uma psicopedagogia vegana") e às 18h30 um bate papo com o escritor Milton Hatoum e o jornalista Paulo Werneck.
No sábado, às 10h, terá a palestra "Como escrever para o Enem" com Arlete Salvador, mesa redonda sobre vegetarianismo (às 14h), com mediação da Kátia Cardoso, às 17h terá contação de histórias para crianças com os contos chineses "Mulan" e "Macaco Rei", um bate papo também às 18h com o professor Marcos Napolitano (1968: reflexos e reflexões") e às 20h um concerto de música eletroacústica T-Son 106, com Flo Menezes.
E no domingo acontecerá uma aula-espetáculo com o ator e professor da USP Ney Piacentini, às 10h.
Em todos há a necessidade de inscrição prévia (são gratuitos também).
O campus da UNESP São Paulo está localizado na Rua Jornalista Aloysio Biondi, s/n, na Barra Funda, em São Paulo (SP).

Curso: indígenas - identidades paulistanas

Resultado de imagem para indígenas identidades paulistanas


Neste final de semana, o professor Casé Angatu Xukuru Tupinambá vai ministrar o curso "Indígenas identidades paulistanas" com organização da Fundação Ema Klabin - Casa Musueu, que será realizado no aldeamento de São Miguel de Hururahy e no aldeamento central de Piratininga (centro de São Paulo).
No sábado, dia 13 de abril, o encontro será iniciado na sede da fundação (às 8h30) e depois seguirá para o bairro de São Miguel, na antiga capela do aldeamento de São Miguel de Hururahy, um dos doze aldeamentos indígenas formadores de São Paulo no século XVI.
Já no domingo, dia 14 de abril, o encontro será no Pateo do Colégio, às 9h, no antigo aldeamento central de Piratininga e a partir dele o grupo irá percorrer "territoriedades" indígenas no centro de São Paulo.
Este curso tem como objetivo, além de discutir a relevância das histórias, saberes, culturas e territoriedades destes povos originários que formaram e formam a metrópole inicialmente chamada de Piratininga (peixe seco), também apresentar estas histórias, saberes e arte por quem as vivencia.
O professor Casé Angatu (Carlos José F. dos Santos), indígena e morador no território Tupinambá em Olivença (Ilhéus, Bahia), na Aldeia Gwarini Taba Atã, docente do Programa de Pós Graduação em ensino e relações étnico-raciais da Universidade Federal do Sul da Bahia - Campus Jorge Amado, em Itabuna (PPGER-UFSB-JA). Docente da Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC) de Ilhéus (BA), doutor pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (FAU/USP), mestre pela PUC/SP, historiador pela UNESP. Autor dos livros "Nem tudo era italiano - São Paulo e pobreza na virada do século XIX-XX" e "Identidades urbanas e globalização: constituição dos territórios em Guarulhos, SP".
Inscrições e mais informações no link a seguir (restam poucas vagas):
https://emaklabin.org.br/cursos/indigenas-identidades-paulistanas?fbclid=IwAR2J--ghi4ZaWul07vwMRUMAK40q-DSF8VSYS3llAzlUlOJIzX6ZOn3WDgU
A valor da inscrição é R$40,00 (inclui transporte e lanche).
A Fundação Ema Klabin fica na rua Portugal, 43, no Jardim Europa, São Paulo (SP). Fone: (11) 3897-3232.


quinta-feira, 4 de abril de 2019

"A luta yanomâmi" exposição da Cláudia Andujar


Vai até este domingo, dia 07 de abril, a exposição "A luta yanomâmi" da fotógrafa suiça, radicada no Brasil, Cláudia Andujar (sim, a mesma que expõe permanentemente em um pavilhão inteiro lá no Museu do Inhotim), Instituto Moreira Salles da avenida Paulista.
Nas Galerias 2 e 3 a exposição apresenta o trabalho da fotógrafa e ativista que dedicou parte da sua vida a conhecer e proteger os indígenas desta etnia, ameaçados de extinção. Na Galeria 3, uma floresta de imagens introduz o cotidiano e o universo mítico dos Yanomâmis. Na Galeria 2, descobre-se a guinada da fotógrafa para o ativismo, quando se somam à fotografia outras, com a intenção de frear o genocídio que acontecia na região.
Cláudia Andujar (ou Cláudia Yanomâmi como ela assina, atualmente) nasceu na Suíça e foi criada na Transilvânia. A família judia do seu pai foi assassinada nos campos de concentração da Segunda Guerra Mundial. Fugiu com a mãe para a Suíça e depois, a convite de um tio, foi para Nova York onde se formou. Em 1955 veio visitar a mãe (que havia se mudado para o Brasil) e fica definitivamente no país.
Envolve-se com os Yanomâmis na década de 70 e sempre usou a sua câmera como instrumento de comunicação, principalmente quando não falava muito bem o português.
Em 1977 foi expulsa da terra indígena pela Funai, pois denunciava todos os projetos de descaracterização da sua cultura e avanço de empreendimentos nas suas terras.
Ao assumir os Yanomâmis como família, ela tenta impedir que aconteça com eles o que ocorreu com o seu pai durante a Segunda Guerra. Durante as décadas de 70 e 80, ela denunciou muitas atividades de madeireiros, garimpeiros e até do governo (dos militares) e também lutou pela remarcação das terras.
Em 1989, com a exposição "Genocídio Yanomâmi - Morte do Brasil" consegue atrair o olhar da comunidade internacional, que faz pressão no governo Collor no ano seguinte para a demarcação da grande reserva Yanomâmi, que hoje está sendo ameaçada pelo atual governo.
O professor Ailton Krenak disse que "a Cláudia enxergou no Brasil os mesmos guetos que via na infância. Uma sensibilidade genial para entender a nossa realidade."

O Instituto Moreira Salles fica na Avenida Paulista, 2424, bem próximo à Avenida Consolação (muito próximo das estações Paulista e Consolação, do metrô). Abre de terça a domingo, das 10h às 20h (às quintas, fecha às 22h) e a exposição é gratuita.
Mais informações pelo telefone (11) 2842-9120.
Só até o dia 07 de abril...