Via Franca

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terça-feira, 21 de julho de 2020

Quarentena - 21º dia


Vinte e um de abril... Terça-feira...
Meu aniversário.
Se não fosse a covid-19 eu estaria passando esta data com a minha esposa, no Peru... Por conta da pandemia, viagem desmarcada e eu pude ter o privilégio de comemorar os meus cinquenta anos ao lado da minha família e com o meu pai... Foi o último abraço de feliz aniversário que recebi dele. Desde criança os aniversários eram muito simples, mas bem produzidos, com docinhos e bolos caseiros, muito refrigerante, que na década de 70, na minha família era um luxo, só no domingo, quando os irmãos se comportavam durante a semana, ou em dias de festa, mesmo (ah, em alguns velórios também se passavam algumas bandejas com Coca-cola, Fanta uva e Taí, mas só mesmo naqueles que se queria impressionar a parentada)... Um grande barato era quando não tinha refrigerante e o meu pai colocava bicarbonato na limonada para borbulhar e ficar parecido com Seven Up... Como eu odiava aquilo, rsrs, mas até pouco tempo atrás, El Cid dizia que o melhor suco de limão era daquele jeito, "com borbulhas"... Vai entender, né.
Por toda esta lembrança, pedi que a minha mãe fizesse um bolo de laranja com fubá, bolinhas de doce de batata doce polvilhadas com açúcar e biscoitos de polvilho doce, acompanhados de suco de goiaba... Comemoramos na nossa chácara (só faltou a minha esposa, que teve que ficar em Guarulhos, por conta da pandemia).
Um lance legal do meu pai, que sempre nos marcava muito, era a contagem de tempo, em anos, quando comemorava o seu aniversário... Dizia que tinha um terço a menos da sua idade, justificado pelo "tempo que ele passou dormindo", seguindo a recomendação de oito horas de sono diário, na média. Então, quando completasse 84 anos (isso aconteceria em setembro de 2020), faria, na sua conta, 56 anos... Este bom humor, as respostas prontas para tudo e os comentários bem colocados, com o objetivo de nos fazer rir, eram a sua marca... El Cid, o espirituoso. 
Foi, com certeza, a melhor festa de aniversário dos meus últimos anos. Talvez de toda a minha vida...
A última que passei ao lado do "seu Edercides", meu pai, o meu herói.


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