Via Franca

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terça-feira, 30 de junho de 2020

Tebas, arquiteto escravizado é homenageado pelo Google



O arquiteto Tebas é homenageado pelo Google, com um Doodle, nesta terça-feira, dia 30 de junho.
Joaquim Pinto de Oliveira, mais conhecido como Tebas, foi um dos mais importantes arquitetos e mestres de cantaria de São Paulo, no século XVIII, com uma apurada técnica de talhar e aparelhar pedras.
O livro "Tebas: um negro arquiteto na São Paulo escravocrata", organizado pelo jornalista Abílio Ferreira, destaca a vida de um homem negro escravizado que chegou de Santos trazido por um mestre português que enxergou na cidade uma oportunidade de trabalho. A sua habilidade em trabalhar com pedras revolucionou a arquitetura numa cidade ainda erguida com a limitada estrutura de taipa.
Pesquisadores resgatam legado de arquiteto escravizado no século XVIII (Foto: Divulgação)
Chafariz da Misericórdia, projetado pelo Tebas e que foi em demolido em 1866, depois do centro da capital receber água encanada (desenho feito por Whasth Rodrigues) 
Como na época, as corporações religiosas é que tinham algum dinheiro para ser empregado em obras de grande vulto, os seus principais trabalhos foram produzidos em projetos de reformas ou construções de igrejas, como nos projetos de restauração do Mosteiro de São Bento (1766 a 1798) e da antiga Catedral da Sé (1778), ambas construções já demolidas, substituídas por outras no decorrer do século XX.
Na sanha de modernização da capital paulista, ocorrida no século passado, muitas das suas obras desapareceram, mas duas delas continuam de pé, as fachadas das igrejas da Ordem Terceira do Carmo e a das Chagas do Seráfico Pai São Francisco, ambas no centro.
Apesar de toda a sua importância e da rica historiografia, Tebas só conseguiu a sua alforria aos 58 anos e apesar do grande reconhecimento em vida, só foi reconhecido como arquiteto mais de duzentos anos depois da sua morte (ocorrida em 1811), pelo Sindicato dos Arquitetos de São Paulo (SASP), em 2018, após a divulgação de documentos pelo IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) mostrando a relação entre ele e as ordens religiosas do período.
Como curiosidade, o seu apelido provavelmente vem de uma palavra semelhante, do quimbundo, língua africana, que nomeava "uma pessoa de grande habilidade"...
O reconhecimento pelos paulistanos, deste grande artista, é uma urgência para regenerar/reescrever uma história que consagra, na maioria das vezes, a porção branca e de descendência europeia do nosso estado... Devemos impedir a tentativa constante (e histórica) de apagamento das relevantes contribuições negras e indígenas no nosso passado.
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