Por estes dias tenho notado que aumentou a "descrença" de muitas pessoas em relação a contaminação e o poder de letalidade do Coronavírus... Ao mesmo tempo que conheço muitos que estão isolados há mais de três meses, vejo o aumento de reuniões informais, de festas e de uma galera "de bobeira" zanzando em busca de coisa nenhuma. Até entendo que muitos estão entediados, correndo riscos de agravamento das suas doenças emocionais, carentes de movimento e de espaço (os nossos claustrofóbicos apartamentos não foram planejados para a realidade desta imprevisível pandemia). Daí, esta correria insana para os corredores de shoppings centers e similares... Mas, seria assim que se estivéssemos em estado de guerra, com o país sendo bombardeado por um período parecido?????
Então, os mais de 50 mil mortos da Covid19 no Brasil, já representam mais que aqueles de muitas das guerras das últimas décadas, em três meses iniciais de conflito... Por que isso não causa a mesma preocupação? Será por que um conflito bélico causa também muitas perdas materiais? Ou então a percepção dos estragos de bombas e tiros seja mais arrasadora que a do vírus...
Independente disso, é importante lembrar que o perigo maior dos dados que possuímos é que pode haver uma subnotificação gigantesca (muitos estudiosos acreditam que eles sejam de 7 a 10 vezes maiores, no país).
Hoje, vi uma entrevista do dr. Joaquim Grava, médico do S. C. Corinthians Paulista, explicando os resultados obtidos com com exames bem criteriosos, mais completos, com menos chance do "falso positivo", feitos nas últimas semanas em 190 pessoas (jogadores, funcionários e seus respectivos familiares próximos). O total de pessoas que estão contaminadas, que já tiveram o vírus ou que entraram em contato com ele foi 55 (os dados foram retirados da Folha de São Paulo e do site do Esporte Interativo).
Não posso comparar o grupo testado com o universo da nossa população, mas já dá para pensar um pouquinho a respeito. O percentual de indivíduos ligados ao Timão que teve algum contato com o vírus chega a impressionantes 28,94%... Se usarmos perto de metade disso, que daria mais ou menos 15% para usar como comparação com a nossa realidade de contaminação, chegaríamos a números impressionantes. Por exemplo, a região metropolitana de São Paulo tem uma população de cerca de 21,5 milhões de pessoas nos seus 39 municípios (entre eles, Guarulhos) e 15% sugeridos pela metade da testagem corintiana aplicados (de maneria exagerada, óbvio) nela, daria um total de 3.225.000 que tiveram contado com o vírus.
Claro, que não são feitas projeções dessa maneira, usando uma realidade específica bem fora dos padrões ou sem verificar a distribuição das moradias dos envolvidos dentro da área projetada, a distribuição etária e socioeconômica com as faixas similares na Grande São Paulo.
Fiz isso para reforçar que poderiam ser usados dados como estes do Corinthians para um estudo mais aprofundado sobre a possível notificação de contaminação na nossa região metropolitana, por exemplo... A UFJF calcula que temos entre 8 e 10 vezes o número de subnotificações, enquanto a UFPel, calcula em 7 vezes, mas ambas colocam em questão a realidade do país. Acredito que, se levasse em consideração as características de uma área tão urbanizada como uma região metropolitana como a nossa, chegaríamos a um percentual maior de subnotificações que aquela colocada para o Brasil, como um todo.
Carecemos ainda de estudos mais abrangentes e específicos para as diferentes regiões brasileiras e, antes de mais nada, empenho da própria população em frear o crescimento da curva de contaminação, com medidas de isolamento ou distanciamento social, higiene e uso correto de máscaras, por exemplo.
PS.: os casos na Grande São Paulo chegam a 146 mil... No dia 23 de abril (há dois meses) não chegavam a 20 mil...
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