Via Franca

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segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Cinema africano: "O Homem Que Grita"



Depois de um longo hiato, uma produção africana volta a ser exibida no Brasil, com "Um Homem Que Grita", dirigido pelo chadiano Mahamat-Saleh Harcun, que o Reserva Cultural (localizado no Edifício da Gazeta) apresenta exclusivamente. Praticamente desconhecida para nós brasileiros, a cinematografia africana possui particularidades como a do caso nigeriano, onde há uma imensa produção (inclusive maior do que em Hollywood e Bollywood), porém nenhuma sala de cinema no país inteiro - toda a produção é voltada para o consumo doméstico.
Durante a era colonial, a África foi representada no cinema exclusivamente por cineastas ocidentais, quase sempre como um lugar místico e exótico, pouco revelando sua identidade e realidade. Nas colônias francesas, por exemplo, era proibida a realização de filmes locais. Desta forma, o olhar do povo africano ficava escondido, salvas algumas exceções como Afrique Sur Seine, considerado o primeiro filme dirigido por um africano negro, que explorava as dificuldades de um africano viver na França durante os anos 50.
Apesar deste empecilhos, muitos diretores europeus voltaram o seu olhar para o Continente Negro tentando expor ao mundo o que realmente acontecia por lá. Um deste cineastas foi o francês Jean Rouch, que em documentários como Eu, Um Negro e Jaguar (ambos lançados em DVD), entre outros, desafiava a imagem que os colonizadores tentavam transmitir ao mundo.
Em "Um Homem Que Grita", que assisti nesse final de semana, pude perceber a riqueza de detalhes e a beleza da fotografia (mesmo quando é retratada apenas a periferia da cidade em destaque, no Chade).
É um filme sensível, um drama, que guarda um grande emoção (de arrancar lágrimas dos olhos) no seu final, destacando um continente em guerra, sem mostrar sequer uma batalha (fantástica essa escolha, pois mesmo sem as cenas do conflito, consegue nos colocar dentro dele).
Fui preparado para um grande filme. Saí refletindo sobre muitos aspectos, mas com uma grande certeza: vi, de fato, um grande filme...

Sinopse:
Adam (Youssouf Djaoro) tem 60 anos de idade, é ex campeão de natação, e há 40 anos trabalha com guardião de piscina de um hotel de luxo situado no Chade, na África. Contudo, investidores chineses compram o estabelecimento e ele se vê obrigado a ceder a sua vaga para seu filho Abdel (Diouc Koma), situação que o incomoda bastante por ver nela um declínio social. Além de estar diante deste conflito pessoal, seu país passa por uma guerra civil com rebeldes ameaçando o governo que faz um apelo à população: ajudar com dinheiro ou enviar filhos em idade para representar o país em combate. Assim, o líder do bairro pede que Adam dê sua contribuição, mas ele não tem dinheiro, só tem o filho.
- Vencedor do Prêmio do Júri no Festival de Cannes 2010
- Vencedor do Prêmio Humanidade na Mostra Internacional de Cinema de SP

Serviço:
Reserva Cultural
Avenida Paulista, 900. Térreo Baixo
(entre as estações Trianon Masp e Brigadeiro do metrô)
www.reservacultural.com.br
Fone: (11) 3287-3529

"UM HOMEM QUE GRITA"
(Chade / Bélgica / França - 2010) – 92 minutos.
Sala 1
15h20 - 17h10 - 19h00 - 21h00 - Sáb. 22h50
Gênero: Drama
Direção: Mahamat-Saleh Haroun
Elenco: Youssouf Djaoro , Diouc Koma , Emile Abossolo M'bo

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