Escrevo este post com sentimento meio estranho, uma mistura de tristeza, decepção e medo. Eu sou um típico caipira, um cara que adora conversar, contar muitas histórias, escutar outras tantas, etc e tal... Tenho bons relacionamentos, apesar de ser conhecido por ser meio radical na defesa de algumas ideias e teorias e até um pouco ríspido na maneira de falar e me colocar (isso fruto da minha criação, coisa de genética, de família de "gente brava" mesmo), mas garanto que tento me policiar e amenizar esta características com alguns gestos mais gentis.
Da mesma forma que muitos gostam da minha presença e da minha prosa outros me evitam... A vida é assim e com isso vou seguindo.
Quando a internet nos presenteou com este grande barato das redes sociais, esta maluquice de poder encontrar pessoas conhecidas e amigos já distantes pelo tempo, estabelecer novos contatos, aprofundar aqueles que seriam só casuais, etc e tal, eu curti demais... Puxa, uma REDE SOCIAL deveria aproximar mais ainda a galera... Nela, temos notícias de quem não vemos há décadas, podemos acompanhar o dia a dia dos queridões (e os "nem tanto", rsrs), colocamos momentos felizes, apreensões, sentimentos e sei lá mais o quê. Eu mesmo sou assíduo, desde o orkut, em atualizar qualquer interessado em relação ao meu dia. Desde fotos da neguinha, da família, do catioro, das viagens, da cidade, até dicas do que está rolando, com a minha OPINIÃO sobre aquilo. Isso mesmo, MINHA OPINIÃO, sobre o que acho daquilo que postei. Sempre deixei tudo público e não restringi observadores, pois acredito que todos tem o direito de discordarem daquilo que penso e sinto. E, na medida do possível procuro responder a questionamentos e comentários (sim, concordo que muitas vezes sou ríspido e muito direto, trazendo até uma certa deselegância nas respostas, escrevi isso lá no início deste texto).
Muitas vezes me senti bem ao ler muitos textos e comentários e outras vezes me causou revolta o tratamento que tive ou vi que outras pessoas receberam... Isso é negativo??? Não... Isso mesmo, não. A vida é assim, dura, direta, sem a proteção da tecla de deletar ou da possibilidade de excluir (muitas vezes o nosso local de trabalho nos obriga a conviver com pessoas que não nos fazem bem e somos obrigados a sublimar, pois o profissionalismo assim exige). Mas, ela também é fascinante, pois sempre se descortinam oportunidades e fatos que deixam o nosso dia mais leve.
Como não vivemos um tempo de normalidade, onde o ódio segrega e emburrece a todos (me coloco neste meio também), a visita às redes sociais que deveria ser um momento de descontração, de emprego de parte do nosso ócio, tem se tornado ruim, trazido sentimentos negativos e sofrimento desnecessário (não é exagero não, este sentimento é visível quando converso com muitas pessoas sobre o Facebook). O que escrevo ou reproduzo acaba servindo de combustível para gerar ainda mais rancor e desprezo. Porque não basta apenas discordar e seguir em frente... Ou então, contestar, replicar e guardar o seu (ou o meu) rancor para situações mais relevantes.
Nesta semana ao declarar apoio a um candidato de um partido vi o quanto estamos divididos pelo ódio... Alguns comentários chegaram a ser ofensivos e, o que me deixou mais perplexo, foi que saíram de pessoas que sequer me conhecem direito... Não sabem quase nada deste desconhecido tabaréu, a não ser o que posto na própria rede.
Vi ameaças diretas e indiretas que algumas pessoas estão recebendo (muitas pelo whatsapp ou messenger) que me foram mostradas, inclusive questionando a competência profissional devido a sua ideologia.
Qual é o problema de ressaltar que vivemos num país desigual, injusto e que boa parte das nossas riquezas está concentrada nas mãos de poucas pessoas??? Que a maioria da população não tem acesso a uma boa educação, saúde de qualidade, saneamento básico, uma moradia decente e segurança para sonhar com um futuro digno para a sua família??? Isso deveria ser uma preocupação geral, afinal de contas pagamos altos impostos que deveriam ser revertidos para o bem estar do próprio país...
Estamos vivendo uma polarização entre direita e esquerda, mas que boa parte da população nem sabe o que é isso... Uma grande bobagem, que divide o Brasil, que fere os nossos interesses democráticos e coloca uma sombra, um panteão de dúvidas sobre as próximas décadas.
Baseado nisso, com muito pesar, resolvi excluir da minha rede social, todos os alunos, ex alunos e seus respectivos parentes. Muitos deles foram adicionados em outro momento, alguns há mais de sete anos atrás, no início da popularização do Facebook. Me imaginei um inoportuno, que causa transtornos e mal estar pelas minhas postagens. Daí dou nova oportunidade para quem quiser me "readicionar" (será que existe esta palavra) e compartilhar novamente comigo "coisas da vida" (leves ou não)...
Para mim, uma rede social é isso, compartilhamentos... E sempre nos coloca a opção de seguir ou não... É uma escolha.