Via Franca

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terça-feira, 9 de janeiro de 2018

Os dez filmes mais significativos para mim

Gosto destas listas tipo "os dez mais" alguma coisa. Sempre que vejo alguma matéria sobre isso, procuro afinidades. Mesmo sabendo que é muito pessoal e subjetivo, gosto... Então, resolvi fazer as minhas. Vou começar pelo cinema. Bom, como vejo filmes desde a mais tenra idade, poderia listar uns cem, mas vou tentar colocar os dez que mais mexeram comigo, que mais me impressionaram.
Quem é mais próximo de mim, sabe que não tenho uma memória muito legal para isso (inclusive, sou capaz de assistir um filme pela segunda vez, sem lembrar nada dele). Por isso, vou colocar os dez que mais me marcaram e QUE ME LEMBRO TOTALMENTE DE CENAS, MÚSICAS E DIÁLOGOS, rsrs...
Volto a repetir, sei que é subjetivo, mas vou cair nesta tentação de desagradar a muitos, rsrs.
Não hierarquizei a lista, mas tenho que começar pelo filme que mais me impressionou na vida: "Fitzcarraldo". Um alemão expressionista do diretor Werner Herzog que narra a história de um visionário germânico, fã do Caruso, que sonha em ficar rico com a exploração da borracha na Amazônia e construir um teatro de óperas em Iquitos, no Peru, nos moldes do Teatro Amazonas que fica em Manaus.
Puro realismo fantátsico... Magia na forma de filme, com um Klaus Kinski genial (e genioso também, rsrs).

O segundo que merece estar nesta lista é "Hair" que assisti também na forma de espetáculo teatral. Lançado no final da década de 70, destacando a vida de algumas pessoas de Nova Iorque durante a Guerra do Vietnã (que havia terminado alguns anos antes do seu lançamento), me marcou muito mais pelas músicas, é claro, mas, o inusitado da história mexe comigo até hoje... De Milus Forman, que recebeu muitas críticas na época pela sua adaptação da peça de mesmo nome, mas que me encantou... Todos vão lembrar de Aquarius, por isso vou colocar aqui Let the Sunshine, que no final até hoje me faz os olhos marejarem, com aquele ideal da cultura pacifista e da união...

Sigo com um brasileiro que representa o retrato da minha infância e do meu cerne. Se quer saber quem sou, assista "A Marvada Carne". Dirigido pelo André Klotzel e estrelado pela Fernanda Torres e Adilson Barros, de 1985,  narra de maneira bem simples a história da fome com a vontade de comer, rsrs, ou melhor da moça que sonha em casar e de um matuto que quer comer carne de boi... Meu universo caipira, de histórias e crendices, arrolado de maneira simplória e divertida!
Inclusive, como ilustração, coloco uma cena com o Curupira... Incrível.

O quarto filme que faço questão de colocar nesta lista é outro tupiniquim: "Cidade de Deus". Não consigo explicar bem, mas sempre que o revejo, fico "meio bolado". Nem preciso escrever muito, pois ele já foi muito repetido, virou minissérie, etc e tal, mas me marcou muito, pois a temática social sempre me atraiu no cinema. De 2002, dirigido pelo Fernando Meirelles (que respeito muito) retrata a evolução do crime organizado no Rio de Janeiro, desde a década de 1960.
"O casamento silencioso" entra também nestas lembranças. Romeno, de 2008, de Horatiu Holaele, mistura humor, realismo mágico e um drama surreal... Como fazer um casamento, com música, comida farta e muita alegria, justo no período da morte de um ditador socialista sanguinário? Assista e tire as suas conclusões... Saí do Reserva Cultural, lá na Paulista, com as pernas bambas e um nó na garganta.

Outro que merece entrar nesta lista bem pessoal é o japonês "A partida", de 2009, dirigido por Yojiro Takita. Mágico, muito leve e extremamente delicado, me fez repensar todas as verdades que tinha das relações com a minha família. Com música do fantástico Joe Hisaishi, mostra a volta de um jovem músico desempregado para a sua terra natal, um emprego inusitado e a beleza dos rituais de uma cultura bem tradicional...

Como sétima lembrança, um Buster Keaton, genial ou melhor general, (trocadilho horrível, rsrs)... "A General", de 1926, mostra os dois amores de um maquinista, durante a Guerra de Secessão nos Estados Unidos. Dirigido e estrelado pelo ator norte americano que nunca sorria, rival de Chaplin e que fora criado no vaudevile do final do século XIX é para mim um dos grandes filmes deste período. Neste caso, esta película me remete muito mais às lembranças de infância onde ouvia o meu pai contar com exagero os grandes feitos do Buster Keaton como ator que mantinha a sua feição impassível, independente da cena, se trágica ou hilária e que fazia pessoalmente, sem uso de dublês, todas as passagens filmadas (nem sei se isso é verdade mesmo, rsrs). Por isso, tem que entrar como um dos filmes que mais me marcaram...

Outro brasileiro que fica fácil aqui é "Narradores de Javé", de 2004, de Eliane Café, com os geniais José Dumont, Gero Camilo e Nelson Xavier. Eu amo o cinema nacional, então daria uma lista só com ele, mas como disse logo no começo a proposta é colocar filmes que me marcaram, independente da sua qualidade ou importância histórica.
Aqui, um pária é convocado para tentar salvar a pequena Javé das águas de uma futura hidrelétrica, mas o "exímio escritor" não chega a ser uma das pessoas mais queridas da vila, não, rsrs... Asssisto milhões de vezes novamente...

Como penúltimo destaque, vem um dos irmãos Cohen, "Onde os fracos não tem vez" (2008) com a interpretação do Javier Barden de um dos serial killers que mais me impressionaram na história do cinema, Anton Chigurh. Pode ser estranho colocar este filme numa lista de títulos que mais me marcaram, mas entendam que é algo bem pessoal. Fiquei dias seguidos pensando nestes lances da psiqué e da obscura "maldade natural humana" (que não acreditava existir até ser convencido por longas conversas com o meu amigo vigário, Rodrigo Pires). Me prontifiquei a não ser mais fraco, a partir daí...

E para fechar, um chileno que me tirou o chão ao sair do cinema... Pedofilia, religiosidade, hipocrisia social são assuntos que discutimos profundamente sempre que aparecem nas rodas de conversa, mas ver tudo jogado de maneira direta na minha cara, num filme escuro e real, me deixou bem marcado... "O Clube" fez isso comigo... De 2015, do mesmo diretor de outro que estaria aqui tranquilamente (No), Pablo Larrain, mostra quatro religiosos reclusos (exilados mesmo) em uma casa bem escondida num pequeno vilarejo praiano do sul do Chile que tem suas rotinas transformadas quando chega um outro missionário para mexer nas suas feridas... Tema delicado!!!

Não tive como resistir e colocar um décimo primeiro filme, que me lembrei só agora: "Batismo de sangue"... Li o livro (do Frei Betto), por isso o filme me marcou muito... De 2007 (dirigido por Helvécio Ratton), mostra a trajetória de cinco frades que se engajaram na luta contra a ditadura militar no Brasil na década de 60. Pelos dias atuais me lembrarem tanto a trajetória do golpe, fiz questão de adicionar este "bônus track", rsrs...

Sei que entrariam outras dezenas e talvez eu até acrescente mais coisas aqui, mas concluo esta lista bem pessoal e me entrego às duras críticas dos especialistas e conhecedores da sétima arte, rsrs...

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