Via Franca

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quinta-feira, 28 de março de 2019

Levar alunos na Pedra Grande


Desde muito cedo, na minha profissão, saio com alunos para as excursões de estudo do meio... O que alguns pejorativamente enquadram como "passeios" (não deixa de ser, rsrs) representa algo valioso como instrumento de sensibilização, socialização e entendimento do meio que vivemos.
Fico um pouco apreensivo, quando me procuram para que estas saídas pedagógicas sejam voltadas principalmente para a recreação... Não que também não seja importante, mas o esforço e a logística (sem falar na grande responsabilidade) em retirar crianças dos "muros da escola" (adoro esta expressão) para um ambiente externo deveria ser muito bem pensado e planejado, procurando os benefícios que escrevi um pouco antes, neste texto.
É difícil, numa sociedade totalmente tecnológica, onde a criança desde cedo já tem contato com as facilidades digitais, causar o encantamento e a alegria de viver situações novas e inusitadas (para eles, é claro, pois para quem planeja tem que ser tudo muito bem controlado e previsível). Mas, ainda assim, as excursões escolares tem sido fundamentais como ferramentas de entendimento e respeito à natureza, patrimônio e diversidade cultural...
No mês de fevereiro, fiz uma atividade com os meus alunos dos sextos anos voltada para o entendimento das paisagens naturais e sociais. Escolhi o Parque da Cantareira, especificamente o Núcleo Pedra Grande, que fica na zona norte da cidade de São Paulo para isso.
Previamente discutimos em sala todas as características das diversas formas de paisagens, com os seus elementos principais e a maneira como interagimos com elas, principalmente em um grande centro urbano como Guarulhos. Depois foi proposta a visita ao parque, onde contamos com a ajuda de um geógrafo, como eu, que passou uma visão particular com uma linguagem diferente da minha, que sou professor da turma. Notem que isto é muito importante, pois a diversidade de linguagens e abordagens estimula o raciocínio e contrapõe ideias e teorias.
Subimos até o alto da pedra, um imenso bloco de granito, que dá uma visão privilegiada de parte das cidades da região metropolitana de São Paulo (principalmente da capital, é claro), emoldurada pela Mata Atlântica preservada dentro dos limites do parque. Uma pequena trilha pela mata complementou a atividade.
Além de todo o conteúdo pedagógico abordado, da agitação causada pelo visual único e exclusivo de Piratininga e de sons (e silêncios) que viveram, o que me chamou mais a atenção foi o estímulo causado neles pela explosiva beleza da natureza do local. Muitas alunas e alunos começaram a buscar com seus celulares fotos e montagens fotográficas bem particulares do que iam encontrando pelo caminho...
Daí, apuravam o olhar e observavam detalhes quase imperceptíveis para um grande grupo de pré-adolescentes extremamente agitados. Uns pediam para atrasar a marcha para colher mais cliques e poses...
De fato, todo o meu objetivo com este estudo do meio foi alcançado, sendo superado pelo encantamento que o próprio local produziu nos olhares de parte dos alunos.
Sublime, como a minha profissão de professor e guia de turismo pedagógico...
Uma experiência que deveria ser compartilhada e proposta por todas as instituições de ensino (e também pelas próprias famílias, dentro dos seus limites).










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