Via Franca

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sexta-feira, 5 de maio de 2017

Gota D'água [a Seco]


No final de semana passado, eu e a minha esposa fomos assistir uma adaptação da famosa peça do Paulo Pontes e Chico Buarque, "Gota D"Água".
Fui com uma boa expectativa, pois só havia ouvido e lido boas recomendações sobre ela, que esteve em cartaz no Rio de Janeiro e no Teatro FAAP até o ano passado. Inclusive, a própria peça original eu já havia visto em outras montagens, com grupos amadores com as suas quase três horas de duração (em dois atos), que foi reduzida para uma hora e meia.
É uma adaptação, pois dos quinze personagens originais, o roteiro coloca apenas os centrais, Joana e Jasão, em cena. Há também um acréscimo de cena, que não havia no original, destacando momentos onde o casal vivia a sua plenitude amorosa (a cena deles interagindo com o cenário, se atraindo e reprimindo é uma das mais lindas que eu guardo na minha memória).
Outro ponto que a diferencia é o acréscimo de muitas músicas do chico que não constavam na montagem tradicional (que tinha quatro músicas apenas), transformando esta encenação, praticamente num musical, com uma excelente banda, ao vivo.
Para quem não conhece "Gota D'Água", ela é uma adaptação da "Medeia", de Eurípedes, uma tragédia grega que os autores trouxeram para um cenário da periferia da cidade do Rio de Janeiro, em uma historia de amor e traição com uma forte dose de discussões sociais. Esta pegada de denúncia da opressão e desigualdade a fez cair nas garras da censura na década de 70, obrigando os autores a fazer algumas adaptações para poder ser apresentada, na época.
Confesso que tanto na original, quanto nesta atual, me emocionei em vários momentos (é uma tragédia, alerto), chegando às lágrimas de emoção (em algumas músicas, como "Cálice", a plateia chegou ao delírio).
O casal de atores é fantástico, com destaque para a voz super afinada da Laila Garin (que interpreta a personagem Joana). Ela consegue passar sentimentos opostos em interpretações distintas, desde a brejeirice de uma conquista até a dramaticidade da perda e da traição.
O seu par, que também me surpreendeu pela linguagem cênica/corporal (Alejandro Claveaux, o Jasão) vale ser destacado nesta nota.
No mais, posso considerar uma das melhores peças teatrais que assisti nos últimos anos, com um cenário mágico e um figurino bem encaixado na proposta. Música a vivo, com banda.
E, óbvio, um Chico Buarque das antigas...
Recomendo.
Pena que as últimas apresentações acontecem até este final de semana, no Teatro Port Seguro, que tem boa localização para nós, aqui de Guarulhos (fica perto do SESC Bom Retiro), apesar da região ser bem degradada.

Serviço:
Sexta e sábado às 21h e domingo às 19h (até 07 de maio)
Teatro Porto Seguro
Alameda Barão de Piracicaba, 170 (Campos Elísios) - São Paulo (SP)
Ingressos de R$ 25,00 a R$ 80,00.

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