Via Franca

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quarta-feira, 8 de junho de 2016

Sugestão de roteiro de estudo para Santos






Este roteiro de estudo doi feito para os alunos do sexto ano do Colégio Agostiniano São José, no começo de junho deste ano.
Vamos sair de uma grande cidade que é São Paulo, uma área densamente povoada e muito urbanizada para outra menor, mas que também possui uma intensa urbanização e muita população (Santos tem mais de 400 mil habitantes, por isso considerada uma das quinze maiores cidades do nosso estado). Mas, no caminho entre as duas cidades, vamos observar uma mudança bem radical de paisagem, que deixa de ser basicamente cultural (ou social) e passa a ser predominantemente natural, com presença de uma bem preservada floresta tropical, conhecida como Mata Atlântica.
Preste atenção no relevo da região. Saímos de um PLANALTO, descemos a sua escarpa (que é bem íngreme, com um desnível de até 800 metros até o nível do mar) e vamos para uma PLANÍCIE, conhecida como “BAIXADA SANTISTA”, onde se localiza o município que vamos estudar.
Agora, pense a respeito: o relevo em questão influenciou na formação da vegetação que observamos? Você pode notar que nas áreas mais inclinadas (com maior declividade) é que a mata mostra-se mais preservada. Há coincidência nesta observação? Como o relevo mais acidentado da região ajudou na maior preservação da floresta? Em outras áreas do país a Mata Atlântica também se apresenta bem preservada? Em sua opinião, o que causou a grande destruição deste ecossistema? Que prejuízos a sua degradação pode trazer?
Chegando à planície é possível ver que há uma mudança de vegetação. Já aparecem áreas de manguezais, principalmente junto aos cursos dos rios e pequenos canais que são abundantes no local. Você acha que o mangue está tão bem preservado e protegido quanto a Mata Atlântica na encosta da Serra do Mar? Que tipo de problemas ambientais e econômicos a retirada dos manguezais pode trazer?
Na metade do século XX, os engenheiros de uma companhia canadense, conhecida como Light também aproveitaram a grande declividade do relevo para construir uma usina hidrelétrica na Baixada Santista, a partir da captação de água de uma represa construída no planalto (na região metropolitana de São Paulo, que é levada até a parte de baixo por tubulações (um aqueduto). A represa de Guaramiranga e a Usina de Henry Borden, funcionam para este fim até hoje. Toda esta estrutura foi planejada para abastecer o complexo portuário de Santos.
A região que vamos concentrar os nossos estudos e observações é uma das mais antigas do Brasil. São Vicente, vizinha de Santos (as suas duas áreas urbanas se confundem parecendo uma cidade só, processo que em geografia chamamos de CONURBAÇÃO) se orgulha de ser considerado o primeiro povoado do nosso país, criado por volta de 1532. O povoado de Santos, localizado na mesma ilha (sim, as duas cidades tem a maior parte da sua área em uma ilha, conhecida como Ilha de São Vicente) provavelmente, tenha sido estabelecido pouco tempo depois. Na primeira metade do século XVI, a ilha era conhecida como Goaió, que na língua tupi guarani significa “lugar de fornecimento de provisões”, mostrando já a aptidão econômica daquele lugar, que abrigava um pequeno porto onde os viajantes encontravam índios amistosos onde trocavam mercadorias por mantimentos.
Nos primeiros séculos a região se destacou pelas plantações de cana-de-açúcar, mas o seu crescimento aconteceu, de fato, pela modernização do seu porto, por onde o café produzido no estado de São Paulo era transportado por trens e exportado (o transporte da fazenda até o porto, na primeira metade do século XIX era feito em lombos de mulas e burros ou por carros de boi).Já no século XX, com o crescimento da atividade industrial no nosso estado, a importância da atividade portuária aumenta, pois além de produtos agrícolas (como o café e atualmente a soja), o local vai diversificar os bens transportados. Por ele são exportados e importados desde produtos industrializados (como carros e máquinas), até mesmo o petróleo e os seus derivados. Não só a economia da cidade, mas também de todo o Brasil tem no porto uma importante base para distribuição de produtos e mercadorias.Observando a região portuária, o que mais te chama a atenção no local? Há muitas casas ou edifícios residenciais na região? Como está o grau de conservação das construções? Você percebe alguma degradação ambiental e social na área? Além dos navios e galpões o que mais te chama a atenção na área portuária? Você gostaria de morar no local? Por quê?
Observe as imagens a seguir. A primeira foi feita pelo pintor, professor e historiador paulista Benedito Calixto, que viveu parte da sua vida na cidade de Santos e a segunda é uma foto bem recente. Faça uma comparação entre elas e a paisagem que você vê do alto do Monte Serrat. Quais mudanças são mais evidentes? Há semelhanças entre alguns pontos delas e o que vemos atualmente no local? Em que pontos a cidade cresceu mais no século XIX e como foi a ocupação das outras áreas no século XX? As atividades econômicas e os tipos de construção são os mesmos nos dois períodos? Existem pontos de baixa ocupação (vazios demográficos)? Qual área possui atualmente melhores condições sociais.
ATENÇÃO: sempre use como base de comparação as “duas Santos”, que conseguimos visualizar e distinguir no alto dos mirantes do Monte Serrat: de um lado o centro histórico e porto e do outro lado a orla das suas praias.
No Monte Serrat, um dos mais famosos mirantes da cidade de Santos, faça uma comparação com a sensação que temos ao descer a Serra do Mar de São Paulo até a Baixada Santista. O incômodo que costumeiramente sentimos nos ouvidos acontece na subida do monte? Como podemos explicá-lo? Por que no Monte Serrat não acontece a mesma coisa?
Há também no local um sistema muito antigo de transporte, que são dois ascensores ou bondinhos que funcionam simultaneamente. O que faz eles se moverem? Por que a força de um deles depende da ação do outro? Onde podemos ver um sistema parecido?
Em um passeio rápido pelo centro histórico da cidade, tanto a pé como em bondinhos elétricos muito antigos que correm sobre trilhos (é importante perceber que o sistema deste meio de transporte é diferente do anterior, na subida do monte) dá para notar a grande quantidade de prédios do final do século XIX e início do século XX, época que a cidade cresceu muito, estimulada pelo transporte do café até o seu porto para posterior exportação.
Compare o centro histórico de Santos com o bairro da sua escola. Há muitos edifícios antigos no bairro do Belenzinho? Por que eles existem até hoje em Santos e já não são tão comuns no bairro que moramos? Qual é a importância da sua preservação? Como está o seu estado de conservação? Você concorda com a manutenção destas áreas ou prefere que elas sejam substituídas por edifícios mais novos?
Há em Santos também um pequeno oceanário, que mostra a diversidade da vida marinha e fluvial, com muitas espécies da fauna aquática de várias partes do mundo. Apesar dos animais estarem distantes do seu habitat natural, no Aquário Municipal de Santos há uma tentativa de reconstituir as características principais de algumas destas áreas. Um olhar atento pode nos levar a viajar por estes ambientes exóticos e por suas espécies de rara beleza.
Daí, sempre vem à mente algumas indagações: quais os principais riscos que estes ambientes (marinhos e fluviais) estão correndo atualmente? Como podemos preservá-los? Qual é a sua importância? Como as atividades econômicas de uma grande cidade como São Paulo influenciam na preservação de rios e mares? Quais as atividades do nosso dia-a-dia que contribuem com a sua degradação e como um aluno do sexto ano (de onze anos) pode contribuir para melhorar a conservação da natureza?
Um passeio de ônibus pela orla das praias do Embaré e Gonzaga também revelam um fato curioso da cidade de Santos: muitos dos seus edifícios não estão com o prumo correto, ou seja, estão um pouco inclinados. O que provocou este tipo de situação? Há riscos de desabamento? O que a geologia da região tem a ver com isso? Você já ouviu falar de algum lugar do mundo que ocorreu algo semelhante? 

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