Via Franca

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quinta-feira, 28 de abril de 2016

Roteiro de estudo do meio para a vila de Paranapiacaba


      
   Sábado agora, a Via Franca Turismo vai fazer um estudo do meio com mais de 170 alunos do Colégio Agostiniano São José, que fica no bairro do Belenzinho, na cidade de São Paulo.
         Para tanto elaborei um pequeno roteiro de observação para o uso na nossa visita ao local. Reproduzo-o, em partes, por aqui...
O distrito de Paranapiacaba pertence ao município de Santo André e está localizado na parte sudeste da região metropolitana de São Paulo, distante cerca de 50km do Colégio Agostiniano São José (Belenzinho). Construída a partir de 1860, a vila abrigou os operários da antiga estrada de ferro São Paulo Railway.
“É o alto da serra. Em frente, a alguns decâmetros, abre-se, rasga-se um vão, uma clareira enorme por onde se enxerga um horizonte remotíssimo, um acinzentamento confuso de serras e céu, que assombra, que amesquinha a imaginação. Começam aí os planos inclinados...” (A Carne - Júlio Ribeiro)
Ao chegar na vila, observe os aspectos físicos mais marcantes envolvendo o relevo local, a vegetação predominante e as sensações térmicas (que podem variar muito no decorrer do dia). Pela distribuição das construções pense no arranjo urbano planejado pelos ingleses para vencer os obstáculos naturais impostos pelo local.

Na linguagem tupi o nome Paranapiacaba significa o lugar de onde se vê o mar. A designação faz jus ao que supostamente vamos encontrar na área (a borda do popularmente conhecido Planalto Atlântico, com a sua escarpa que chamamos de “Serra do Mar”), onde foi construída no século XIX , naquele caminho íngreme utilizado pelos índios, desde os tempos pré-coloniais,  a estrada de ferro que mudaria a paisagem do interior paulista e ocasionaria a fundação da vila.
A expansão da cultura cafeeira na segunda metade do século XIX pelo interior de São Paulo (principalmente no eixo Itu-Campinas-Piracicaba), fortaleceu a economia da região, criou uma elite empreendedora e muito influente politicamente, além de forçar uma modernização dos meios de escoamento da produção. Daí, não necessita-se de muito esforço para entender a importância da construção e da manutenção da ferrovia Santos-Jundiaí e da Vila de Paranapiacaba, responsável pela logística do seu trecho mais delicado: a descida da escarpa do planalto.
Planeja-se uma ocupação no modelo das vilas inglesas, inclusive com a torre e o seu relógio que é chamado por muitos de “réplica do Big Bem”, passando à tentativa de se controlar a natureza hostil da região e também a interferir mais diretamente no “tempo da natureza”, substituindo-o pelo premeditado da produção (observe que o relógio da torre não é meramente figurativo, ele controla o “tempo dos homens”, o ritmo da pequena vila e tudo o que passa por ela).

Hoje, preservada em partes, a Vila é um verdadeiro “museu a céu aberto”...
A partir desta premissa procure comparar o que ainda se mantém próximo da construção original, o que foi mais modificado e o que está completamente deteriorado. Como está o grau de conservação dos galpões, dos equipamentos ferroviários, das próprias casas construídas em pinho de riga, do entorno da linha férrea (que ainda transporta parte da nossa produção para exportação via porto de Santos).
Compare com outros lugares/patrimônios históricos que você tenha visitado ou visto pela TV, livros e sites... Que intervenções poderiam ser feitas para recuperar parte da história espalhada pelas ruas e galpões de Paranapiacaba? Por que a sua preservação/recuperação é importante? Que sensações você teve ao caminhar por suas ruas e pátios ferroviários?
Mas, ao estudarmos a região, não só aspectos históricos/culturais são notados. Estamos em um dos biomas tropicais mais importantes do país e do mundo: a Mata Atlântica.
Que tipo de intervenção foi mais impactante na vegetação da região? Como ela apresenta-se conservada, atualmente? A floresta interfere diretamente na vida das pessoas que habitam no pequeno distrito? A sua preservação traz benefícios para a economia da área? Por que em outros lugares, inclusive no bairro que você mora, ela foi tão alterada e que consequências a redução significativa das áreas verdes podem trazer para a qualidade de vida de um grande centro urbano? Que ações podemos efetivar (mesmo que pequenas) para minimizar estes problemas, no nosso bairro?
Muitas perguntas que podem ser pensadas no “olhar mais apurado” sobre a pequena vila de Paranapiacaba e em um pequeno passeio pela Trilha do Olho d’Água.
Inclusive, ao caminhar por esta trilha (curta e de percurso fácil), observe as principais características do Bioma de Mata Atlântica: vegetação e fauna. Pense nas interações ecológicas de algumas espécies como a competição intra e interespecífica, o predatismo, a protocooperação e o epifitismo.
Será discutida a relação da Mata com o clima local, a importância do reservatório de água da cidade e os seus bioindicadores e quais os principais impactos ambientais. Quais são as espécies vegetais exóticas encontradas na trilha e qual a sua influência no equilíbrio do ecossistema.
Em relação à intervenção humana na natureza da região, pense nos seguintes aspectos:
- extração de espécies nativas como o palmito jussara, orquídeas e bromélias;
- caça e contrabando de animais nativos;
- comparação entre o transporte rodoviário e ferroviário (o que é mais impactante);
- a relação entre a ocupação do espaço natural pelo homem e os animais de interesse médico.
Prepare-se para interagir de maneira direta com todos estes aspectos.
Pelo site do inpe (www.inpe.br)  o sábado, do dia 30 de abril, reserva temperaturas oscilando entre 14ºC e 20ºC, com pouca possibilidade de chuva. Como a sensação térmica do local é sempre menor do que marca de fato o termômetro, recomendamos um bom agasalho e até mesmo uma capa de chuva. Como há possibilidade de aparecimento do Sol, mesmo entre nuvens, não esqueça o protetor solar e o repelente contra insetos.

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