Via Franca

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terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Lixo extraordinário



Assisti o documentário "lixo extraordinário" e tive uma grande surpresa, pois imaginei algo técnico e burocrático (já que ele é indicado ao Oscar de melhor documentário), mas saí do cinema realmente emocionado.
Não com aquele sentimento que temos depois de assistir uma reportagem que fere o nosso emocional ao mostrar de maneira nua e crua a degradação humana.
Longe disso, o filme dirigido por Lucy Walker, Karen Harley e João Jardim, trabalha de maneira mais sutil (e bela) a natureza humana.
Desde a visão arrogante inicial, do seu protagonista, o artista brasileiro radicado em Nova Iorque, Vik Muniz, que esperava fazer um trabalho que mudasse a vida de muitas pessoas em um aterro sanitário na periferia de Duque de Caxias, no Rio de Janeiro, até do olhar de desconfiança das pessoas que se envolveram no seu projeto.
Não que ele não tenha mudado a vida de todos que estiveram em contato direto com ele e com o seu projeto, mas principalmente porque ele tenha sido o principal elemento modificado em todo esse processo.
E, sem contar, que a experiência da associação dos recicladores que apoia a sua iniciativa, me fez lembrar de um momento da minha vida em que também me envolvi no trabalho cooperativo.
Meus olhos brilharam ao ver a dedicação e sagacidade de Zumbi e Tião (que vi no programa do Jô, antes de ver o filme), da delicadeza das mulheres que tiravam o sustento do que recolhiam no local e da beleza de cada um dos envolvidos, inclusive do próprio Vik.
Surpreendente, mágico e muito envolvente.
Com uma fotografia maravilhosa e um didatismo impressionante do processo de montagem das obras do fotógrafo...
Sem falar que a trilha sonora ainda é do Moby (que arrebentou, na sua passagem pelo Brasil, há dois anos atrás).
Pena, que concorre ao Oscar como documentário de origem britânica.
Mas, e daí!
A sustância dele é genuinamente tupiniquim.
E como diria o Tião corrigindo o Jô Soares: "não somos catadores de lixo, e sim de produtos recicláveis, pois lixo é o que não presta, é o que não se aproveita..."
Ele já tinha me ganhado aí...

2 comentários:

  1. Vik Muniz, adoro os trabalhos dele!! Fui no MASP ver seus trabalhos. MARAVILHOSOS. Adorei a dica do filme. ;)

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  2. Sou apaixonada pelo trabanlho do Vik Muniz, fui a uma exposição de suas obras no MASP a alguns anos atrás e fiquei realmente impressionada com a beleza que se esconde no lixo, e realmente, a vida é saber reaproveitar! Esta foi uma lição que eu tirei da exposição!

    Tudo deve ser reaproveitado e a visão do mundo é você quem cria, não é sempre que apenas os elemntos clássicos de criação são extraordinários, a genialidade está muito mais ligada a criatividade, do que ao material!!!

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