Via Franca

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quarta-feira, 15 de agosto de 2018

Coleção Brasiliana, do Itaú Cultural


Neste último sábado, fui com um grupo de alunos e convidados do cursinho pré-vestibular do SOS Mater Amabilis á Pinacoteca de São Paulo, no bairro da Luz e naquele dia a sala sobre os viajantes que retrataram o Brasil nos séculos XVIII e XIX estava fechada para reforma. Teve uma pequena frustração na galera em não poder ver as obras, mas lembrei a eles que há uma coleção ainda mais significativa (e bem maior) sobre o trabalho genial destes artistas/biólogos/geógrafos que circulavam pelo Brasil colonial e imperial, lá no Centro Cultural do Itaú, na avenida Paulista.
São dois andares que abrigam parte das obras (inclusive as publicações de época, com elas) de viajantes como Franz Post, Rugendas, Langesdorff, o genial Debret, entre outros...




É uma viagem histórica influenciada pelo olhar de europeus que passaram pelo nosso país em um período que gerava extrema curiosidade em diversos setores da burguesia e nobreza europeias (ávidas por novas conquistas territoriais) e que não poderia ser escancarado por quem estava no poder, aqui em Pindorama.
Vale a visita, principalmente aos finais de semana, onde educadores se dispõem a interagir com o público... Eu, particularmente, fico extasiado com a riqueza de cores e detalhes das imagens, comprovando que o nosso país sempre foi único (não é ufanismo não, rsrs).
A parte de desenhos de animais e plantas espalhados por uma parede comum aos dois andares, que podemos visualizar e nos aproximar subindo uma escada sinuosa, é hipnotizante. Também fico maravilhado com os mapas dos séculos XVI a XVII, logo na primeira sala de exposição, que mostram um pouco da evolução da cartografia no período das Grandes Navegações...
Vale a pena visitar, curtir outros eventos e exposições do local e tomar um bom café no primeiro andar para conversar com mais calma sobre o que foi visto lá, rsrs.
Fica na Avenida Paulista, 149 (próximo à Estação Brigadeiro do Metrô)
Horários: de terça a sexta-feira das 9h às 20h e nos finais de semana das 11h às 20h. Gratuito e livre para qualquer faixa etária.
Mais informações: www.itaucultural.org.br/release-espaco-olavo-setubal







quinta-feira, 2 de agosto de 2018

Primeira quinzena de agosto no Theatro Municipal

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O Theatro Municipal é uma das pérolas da nossa capital. É um espaço democrático onde alguns ainda insistem em "tomá-lo como seu"... Daí, muitas pessoas acabam não o conhecendo e ficam alheias, afastadas da sua programação. Alguns até sentem-se constrangidos em frequentá-lo.
Não! O Municipal é nosso... Tem uma programação muitas vezes que parece elitista, mas que é acessível, inclusive em valores, a todos.
Para desmistificar o local, a sua administração faz várias ações e eventos com a finalidade de atrair o grande público para a casa (que é de todos).
Então, veja o que está rolando nesta primeira quinzena de agosto, procure algo que te agrada e vá para o Municipal...
Seguem algumas dicas retiradas do site da própria instituição:
- dias 03 e 04 de agosto (sexta-feira às 20h e sábado às 16h30) - Orquetra Sinfônica Municipal convida a violinista Rachel Barton Pine para executar a abertura de "As Bodas de Fígaro" (Mozart), "Serenata para Violino e Orquestra" (Bernstein) e a "Sinfonia nº10 em Mi Menor" (Shostakovich).
- dia 04, tem o delicioso "Estação Villa-Lobos", às 12h, onde o Municipal fica lotado de crianças de todas as idades, no projeto "Meu Primeiro Municipal".
- dia 11, às 20h, o Balé da Cidade convida o Ballet do Theatro Municipal do Rio de Janeiro e a São Paulo Companhia de Dança para o espetáculo "Gala do Balé da Cidade de São Paulo: Panorama e Memória", com trechos de  coreografias de "O Lago dos Cisnes", "Melodia de Gluck", "Gopak" e "Adastra".
- no dia 12, ao meio dia, a Orquestra Experimental de Repertório interpreta compositores russos, com a abertura de "A Grande Páscoa" (Rimsky-Korsakov) e o consagrado "Concerto para Violino e Orquestra" (Tchaikovsky).
- dia 15, quarta-feira, às 20h, o maestro João Carlos Martins rege a Orquestra Bachiana Filarmônica Sesi-SP, que apresenta o Concerto para piano em Ré Maior (Mozart) e alguns trechos da trilha sonora de filmes da saga Star Wars (compostas por John Willians).
De quarta a sexta-feira, sempre às 11h, 13h, 15h e 17h e aos sábados às 14h e 15h, acontecem visitas monitoradas gratuitas ao interior do Theatro e à Praça daas Artes.
O Municipal fica na Praça Ramos de Azevedo s/n, no centro de São Paulo (próximo ao metrô Anhangabaú).
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Em busca de um bom "virado à paulista"

O prato já mexido com a gema do ovo inundando o arroz
Vivemos numa cidade maravilhosa quanto a variedade culinária... Gastronomia do mundo inteiro com as suas devidas adaptações a todos os gostos. Com tantos restaurantes e modismos (quase tudo pode ser gourmetizado) nos esquecemos muita vezes da comida tipicamente paulista, aquela que foi desenvolvida há séculos atrás pelos bandeirantes e tropeiros, que tinham que se deslocar por milhares de quilômetros em incursões pelo interior do território e que influenciaram a culinária de outros estados brasileiros (me perdoem os mineiros, mas boa parte da sua comida típica é também oriunda das refeições de paulistas que ocupavam as Geraes no século XVIII, auge da exploração aurífera).
Um dos mais tradicionais pratos ainda hoje servidos na cidade de São Paulo, é o "virado à paulista", sempre às segundas-feiras, já que sempre representou uma boa maneira de aproveitar as sobras do domingo (tradição em muitas casas, até hoje). Óbvio que os restaurantes e lanchonetes que servem a iguaria não fazem isso, mas uma das razões para ser servido no inicio da semana, vem desta razão mesmo (típico de muitas décadas atrás, quando a cidade nem era tão grande quanto hoje).
Os primeiros relatos da sua preparação vem do começo do século XVII, onde o feijão era levado cozido, junto com a farinha de milho (a de mandioca ainda não era consumida pelos paulistas) e pedaços de carne seca e toucinho dentro de farnéis, pelos bandeirantes. Com o chacoalhar da viagem os ingredientes ficavam revirados (daí o nome "virado"), mas eram saboreados como um única iguaria que resistia a semanas de viagem.
Em praticamente todos os lugares que é servido, segue a tradicional receita com o feijão já cozido, refogado novamente com farinha de mandioca (tem a consistência do tutu), bisteca ou costelinha suína frita, ovo estrelado (com a gema mole), banana empanada, couve refogada na gordura da carne, torresmo bem crocante e pedaços de linguiça, sempre acompanhados de uma porção de arroz.
Neste ano a sua receita foi reconhecida pelo Condephaat como patrimônio imaterial dos paulistas.
Diante de tudo isso e sempre apaixonado por esta iguaria, sempre procurei experimentá-lo em diferentes botecos (ele também é servido em muitos restaurantes refinados e caros, mas o seu lugar tradicional é no bom e barato "bar de esquina", rsrs). Nesta última segunda-feira, fui até o centro de São Paulo e procurei o "Bar e Lanches 34", no calçadão da apertadíssima Rua do Comércio (ao lado da antiga Bovespa) e me esbaldei (amo este termo, tão antigo quanto o prato, rsrs), com o saborosíssimo virado. Quantidade suficiente, sabor que eu já conhecia e preço honesto (R$25,90), com um atendimento cordial.

Foi tão prazeroso que rendeu até um post, rsrs.
Vale a experiência...
Ah, a cidade tem tradição de outros "pratos do dia", que variam entre feijoada, massas (o inhoque é praxe na quinta-feira), peixe, dobradinha, bife a rolê, etc, que ainda resistem contra a força massacrante e prática dos "self services".