Está acontecendo no Pavilhão da Bienal, no Parque do Ibirapuera em São Paulo, a 32ª Bienal de São Paulo "Incerteza Viva".
Teve início no mês de setembro e vai até o dia 11 de dezembro de 2016.
Tem entrada gratuita e fecha nas segundas-feiras. O seu horário é das 9h às 19h (terças, quartas, sextas e domingos) e das 9h às 22h (quintas e sábados).
Fui algumas vezes, ora acompanhado pela minha esposa ora acompanhando alunos e garanto que é uma atividade extremamente rica em todos os aspectos (não só culturais).
Recomendo acompanhar uma visita mediada pelos educadores do local, que acontecem de meia em meia hora com ponto de encontro próximo a uma das entradas (tem duração média de 90 minutos).
Saí em todas as visitas com questionamentos e reflexões diferentes (ah, nem pense em tentar visitar tudo em um único dia, pois pode ser extremamente cansativo, já que o pavilhão é muito grande). Pontos de interrogação foram colocados na minha cabeça e boas respostas também... Inclusive, a questão da incerteza que permeia o tema da exposição tem muito a ver com isso. Ecologia, questões sociais, coletivos culturais, colonialismo, processos alternativos de sobrevivência, contracultura, entre tantos outros elementos são os que mais me tocaram.
Claro que algumas instalações me chamaram mais a atenção e que gastei mais tempo em observá-las, mas achei neste ano uma bienal com mais obras relevantes e impactantes que muitas anteriores (e olha que já teve uma com obras do Bispo)...
São 81 artistas e pela primeira vez as mulheres são maioria (47 no total). Este fato não é coincidência, pois há pouca exposição do trabalho feminino neste tipo de instalação, apesar da relevância de muitas artistas.
Há também a escolha de muitos artistas com idade inferior a 40 anos, dando espaço para a transformação que a arte passou nas últimas décadas e abrindo também para que mais jovens pudessem mostrar o seu trabalho (alguns são desconhecidos do público em geral, mas tem ideias e estética ímpares).
Lendo uma entrevista do curador Jochen Volz ele deixa claro que a bienal deste ano busca refletir sobre as atuais condições da vida e as estratégias oferecidas pela arte para acolher ou habitar as incertezas. Segundo ele "a incerteza é uma sensação que todos nós vivemos. É importante pensar que a incerteza e a improvisação são forças importantes na arte. A incerteza pode causar algo novo, imaginar outras possibilidades. Quem dialoga com uma incerteza provoca algo transformador..."
Melhor uma incerteza viva, do que uma certeza morta, rsrs...
Temas ecológicos como o aquecimento global, além de questões indígenas e de assuntos como migrações e instabilidades econômicas e políticas foram pontos de partida para as criações das obras.
tenho os meus preferidos e vou indicar alguns:
1- O quase centenário e brilhante Franz Krajcberg com a instalação logo na entrada (que faz uma bela transição entre o parque e o pavilhão), intitulada GORDINHOS, BAILARINAS e COQUEIROS.
2 - O vídeo do alagoano Jonathas de Andrade (O PEIXE) que incomoda, de verdade.
3 - Bené Fonteles com a casa de taipa e cobertura de palha, denominada ÁGORA: OCA TAPERA TERREIRO
4- As duas torres no vão livre, feitas uma com material de construção indígenas e a outra com ítens de edificações típicas da periferia de grandes cidades, de Laís Mirrha (DOIS PESOS E DUAS MEDIDAS)
5- O baiano José Bento com suas caixinhas de fósforo sobre estruturas de bancas de camelô, além de uma outra no 2º andar denominada CHÃO que provoca instabilidade ao caminhar.
6 - A britânica Carolina Caycedo que investiga os danos das construções de barragens de água...
7 - Até mesmo as PLANCS - plantas alimentícias não convencionais estão presentes na instalação da portuguesa Carla Filipe. Muito legal o fato de encontrar lá, plantas que poucas pessoas conhecem (algumas são chamadas até de mato, rsrs) e que já fizeram parte da minha alimentação, como a taioba, o funcho, a berduega e a palma.
8 - Há a delícia da interatividade da peruana Rita Ponce de Leon que convida os visitantes a acomodar partes do seu corpo em caidades de barro, com estrutura baseada nos gestos de uma bailarina.
9 - Dineo Seshee Bopape com os seus jogos de tabuleiro em torrões de terra, que nos remete à questões de ocupação e exclusão fundiárias.
10 - E a que mais me impressionou, com os seu tom rosa e muitos brinquedos da jamaicana Ebony Paterson que traça um paralelo entre os índices de violência (assassinatos) de crianças e negros no Brasil e na Jamaica. Nesta instalação saí com um nó na garganta... Surpreendente, de fato.
Claro que escolhi dez, mas a lista seria muito longa, com moscas vivas, pedras de sal que se desmancham ao som de música e água, batatas que geram energia coletivamente, etc, etc, etc...
Há também muitas atividades que acontecem todos os dias (algumas são bem disputadas, por sinal). Para se informar acesse o site da Bienal (www.bienal.org.br).
Para se ter uma ideia, hoje, no final da tarde, na instalação de Bené Fonteles o multiartista pernambucano Antônio Nóbrega vai estar presente para uma roda de conversa e amanhã, no mesmo espaço, tem presença garantida o genial Siron Franco, ambos dentro do projeto "Conversas para adiar o fim do mundo" (sempre das 17h às 18h.
Vale a pena conferir!!!!!
Nenhum comentário:
Postar um comentário