Via Franca

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quinta-feira, 17 de novembro de 2016

32ª Bienal de São Paulo


Está acontecendo no Pavilhão da Bienal, no Parque do Ibirapuera em São Paulo, a 32ª Bienal de São Paulo "Incerteza Viva".
Teve início no mês de setembro e vai até o dia 11 de dezembro de 2016.
Tem entrada gratuita e fecha nas segundas-feiras. O seu horário é das 9h às 19h (terças, quartas, sextas e domingos) e das 9h às 22h (quintas e sábados).
Fui algumas vezes, ora acompanhado pela minha esposa ora acompanhando alunos e garanto que é uma atividade extremamente rica em todos os aspectos (não só culturais).
Recomendo acompanhar uma visita mediada pelos educadores do local, que acontecem de meia em meia hora com ponto de encontro próximo a uma das entradas (tem duração média de 90 minutos).
Saí em todas as visitas com questionamentos e reflexões diferentes (ah, nem pense em tentar visitar tudo em um único dia, pois pode ser extremamente cansativo, já que o pavilhão é muito grande). Pontos de interrogação foram colocados na minha cabeça e boas respostas também... Inclusive, a questão da incerteza que permeia o tema da exposição tem muito a ver com isso. Ecologia, questões sociais, coletivos culturais, colonialismo, processos alternativos de sobrevivência, contracultura, entre tantos outros elementos são os que mais me tocaram.
Claro que algumas instalações me chamaram mais a atenção e que gastei mais tempo em observá-las, mas achei neste ano uma bienal com mais obras relevantes e impactantes que muitas anteriores (e olha que já teve uma com obras do Bispo)...
São 81 artistas e pela primeira vez as mulheres são maioria (47 no total). Este fato não é coincidência, pois há pouca exposição do trabalho feminino neste tipo de instalação, apesar da relevância de muitas artistas.
Há também a escolha de muitos artistas com idade inferior a 40 anos, dando espaço para a transformação que a arte passou nas últimas décadas e abrindo também para que mais jovens pudessem mostrar o seu trabalho (alguns são desconhecidos do público em geral, mas tem ideias e estética ímpares).
Lendo uma entrevista do curador Jochen Volz ele deixa claro que a bienal deste ano busca refletir sobre as atuais condições da vida e as estratégias oferecidas pela arte para acolher ou habitar as incertezas. Segundo ele "a incerteza é uma sensação que todos nós vivemos. É importante pensar que a incerteza e a improvisação são forças importantes na arte. A incerteza pode causar algo novo, imaginar outras possibilidades. Quem dialoga com uma incerteza provoca algo transformador..."
Melhor uma incerteza viva, do que uma certeza morta, rsrs...
Temas ecológicos como o aquecimento global, além de questões indígenas e de assuntos como migrações e instabilidades econômicas e políticas foram pontos de partida para as criações das obras.
tenho os meus preferidos e vou indicar alguns:
1- O quase centenário e brilhante Franz Krajcberg com a instalação logo na entrada (que faz uma bela transição entre o parque e o pavilhão), intitulada GORDINHOS, BAILARINAS e COQUEIROS.

2 - O vídeo do alagoano Jonathas de Andrade (O PEIXE) que incomoda, de verdade.

3 - Bené Fonteles com a casa de taipa e cobertura de palha, denominada ÁGORA: OCA TAPERA TERREIRO
4- As duas torres no vão livre, feitas uma com material de construção indígenas e a outra com ítens de edificações típicas da periferia de grandes cidades, de Laís Mirrha (DOIS PESOS E DUAS MEDIDAS)

5- O baiano José Bento com suas caixinhas de fósforo sobre estruturas de bancas de camelô, além de uma outra no 2º andar denominada CHÃO que provoca instabilidade ao caminhar.
6 - A britânica Carolina Caycedo que investiga os danos das construções de barragens de água...

7 - Até mesmo as PLANCS - plantas alimentícias não convencionais estão presentes na instalação da portuguesa Carla Filipe. Muito legal o fato de encontrar lá, plantas que poucas pessoas conhecem (algumas são chamadas até de mato, rsrs) e que já fizeram parte da minha alimentação, como a taioba, o funcho, a berduega e a palma.
8 - Há a delícia da interatividade da peruana Rita Ponce de Leon que convida os visitantes a acomodar partes do seu corpo em caidades de barro, com estrutura baseada nos gestos de uma bailarina.
9 - Dineo Seshee Bopape com os seus jogos de tabuleiro em torrões de terra, que nos remete à questões de ocupação e exclusão fundiárias.

10 - E a que mais me impressionou, com os seu tom rosa e muitos brinquedos da jamaicana Ebony Paterson que traça um paralelo entre os índices de violência (assassinatos) de crianças e negros no Brasil e na Jamaica. Nesta instalação saí com um nó na garganta... Surpreendente, de fato.

Claro que escolhi dez, mas a lista seria muito longa, com moscas vivas, pedras de sal que se desmancham ao som de música e água, batatas que geram energia coletivamente, etc, etc, etc...
Há também muitas atividades que acontecem todos os dias (algumas são bem disputadas, por sinal). Para se informar acesse o site da Bienal (www.bienal.org.br).
Para se ter uma ideia, hoje, no final da tarde, na instalação de Bené Fonteles o multiartista pernambucano  Antônio Nóbrega vai estar presente para uma roda de conversa e amanhã, no mesmo espaço, tem presença garantida o genial Siron Franco, ambos dentro do projeto "Conversas para adiar o fim do mundo" (sempre das 17h às 18h.
Vale a pena conferir!!!!!


Andréa de Mayo receberá placa com o seu nome social no Cemitério da Consolação

(Andréa de Mayo ao lado seu pequinês, Al Capone - imagem retirada da revista trip/uol)
Nascida Ernani dos Santos Moreira Filho, Andréa de Mayo foi engraxate, gari e menino de rua. Também tentou ser cantor, na sua adolescência, mas o fato de ser homossexual lhe fechava várias portas, apesar de ter uma voz boa, de ser bem afinada. Depois de tentar ainda ser bailarino, sem sucesso, aos vinte e poucos anos decidiu transformar o seu corpo e renasceu como Andréa de Mayo.
A partir daí, abriu com o amigo Val, boates com shows de travestis, que eram muito procurados na década de 70 e também passou a proteger e lutar contra a discriminação de trans e travestis que eram discriminados até na comunidade gay (até hoje muitos clubes noturnos não permitem a entrada de travestis).
A sua casa de shows mais famosa, a Prohibidu's era frequentada por famosos e milionários e ela ficava sentada junto à porta para controlar pessoalmente os excessos e evitar qualquer problema com o variado público que passava pelo local.
Era uma verdadeira mãe e atenta protetora de transgêneres e travestis.
Morreu em uma clínica de cirurgia plástica, ciente dos riscos da retirada do silicone das nádegas e coxas, vítima de uma embolia pulmonar.
A sua vida junto com a trajetória de outros quatros personagens da cena transgênera paulistana foi tema do documentário "Dores de Amor" do suíco Pierre Alain Meier, de 1988.
Como o seu pai, na época, recusou a fazer o seu sepultamento, ela foi enterrada no cemitério da Consolação no túmulo de propriedade do seu amigo Pai Walter de Logum Ede.
E hoje, dia 17 de novembro, vai receber uma placa com o seu nome social (Andréa de Mayo) como homenagem à sua história de luta e persistência. O evento acontecerá às 15h.
O seu túmulo está localizado na Rua 25 LE Terreno 22, no Cemitério da Consolação (Rua da Consolação, 1660, em São Paulo).
Todas as informações foram retiradas do Serviço Funerário do Município de São Paulo.




quarta-feira, 2 de novembro de 2016

Exibição do filme "A General" no Parque do Ibirapuera


Para quem ainda não tem um programa legal para a noite deste feriado, segue uma dica bem interessante.
Hoje, às 20h30 na parte externa do Auditório do Parque do Ibirapuera acontece mais uma exibição de um filme mudo com musicalização ao vivo...
O filme que será exibido é um dos melhores que eu já assisti.
Será exibido "A General" (de 1926) do magnífico Buster Keaton, com interpretação da trilha original do filme pela Orquestra Juvenil Heliópolis.
Um dos maiores artistas da sua época, o ator e cineasta baseou em fatos reais ocorridos durante a Guerra da Secessão nos Estados Unidos para tirar a ideia central deste genial filme.
Conhecido como o "palhaço que não ri", Keaton mantém a sua principal marca que é rosto melancólico e impassível em toda a sequência da película...
Eu mesmo guardo um carinho especial por ele, pois na minha adolescência, fase que curtia demais os filmes mudos do Charles Chaplin, o meu pai me falou do Buster Keaton e me mostrou alguns filmes e sequências (ainda em fitas VHS, que alugávamos e locadoras, rsrs) e me deixou impressionado com as cenas coreografadas e feitas sem o uso de dublês...
O evento de hoje marca o encerramento do 40º Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, que divulga e faz a premiação dos seus vencedores no mesmo local às 19h30.
Com certeza, será um programa delicioso...
Como é um evento ao ar livre, há possibilidade de chuva antes da exibição (no final da tarde), por isso vale a pena levar algo para forrar o gramado, que pode estar bem molhado no começo da noite.

Agenda cultural nos cemitérios de São Paulo em novembro


Eu recebo todos os meses um email do Serviço Funerário de São Paulo com a programação cultural dos cemitérios públicos da cidade (isso mesmo, há uma intensa programação nas necrópoles paulistanas, que vale a pena conferir)... O nome do programa é "Memória e Vida".
A deste mês veio com uma antecedência boa, mas só consegui um tempo pra divulgá-la agora, então já foram algumas atividades bem legais. Uma delas foi o "Pedal Caveira" organizado pelo Sampa Bikers, que aconteceu ontem (dia 01 de novembro) às 21h, com um trajeto de 40km que passava pelas áreas internas dos cemitérios do Araçá e Consolação (com direito à fotografia nos dois lugares). Deve ter sido delicioso, passear de bicicleta por entre os túmulos, à noite)...
Mas, ainda dá tempo de divulgar algumas ações que ainda vão acontecer.
Anotem aí:
- Peça "Nosferatu", no Cemitério do Araçá, nos dias 06, 13, 20 e 27 de novembro às 20h30
A peça Nosferatu, da Companhia Teatral do Subsolo, é uma adaptação do filme alemão Nosferatu, do diretor Friedrich Wilhelm Murnau, realizado em 1922. Narra a história de Conde Orlok, um vampiro que se apaixona por uma garota, Ellen, e toca o terror na cidade em que ela vive. A peça tem capacidade de público de até 50 lugares, portanto, os interessados em assistir o espetáculo devem chegar com uma hora de antecedência para retirada dos ingressos.
- "Histórias do Além", no Cemitério da Consolação, nos dias 12 e 16 de novembro às 21h
Após uma longa pesquisa sobre os personagens sepultados na primeira necrópole da capital paulista, Histórias do Além propõe uma viagem à história de São Paulo. No itinerário, os participantes terão um belíssimo encontro teatralizado com personificações de Luís Gama, Monteiro Lobato, Mário de Andrade, Paulo Vanzolini, entre outros grandes nomes sepultados no Cemitério Consolação. Para participar do passeio teatral basta comparecer aos portões de Cemitério Consolação com uma hora de antecedência.
- "Contos Mal-Ditos", no Cemitério do Araçá, nos dias 10, 17 e 24 de novembro às 15h
O trabalho Contos Mal-ditos de André Mendes e Gustavo Valezzi traz a ressignificação dos espaços cemiteriais com histórias que transitam entre o ficcional e real. Ao narrar uma história, os atores que investigam a vidas das pessoas que estão sepultadas nos cemitérios, relacionam essas biografias a lendas urbanas e a literatura do norte americano Edgar Allan Poe. Para participar basta chegar uma hora antes do inicio do evento e se reunir ao grupo
- "Teatro Documentário", no Cemitério da Vila Mariana, nos dias 12, 19 e 26 de novembro e 03 de dezembro, às 16h
Concebida especialmente para o cemitério da Vila Mariana, a peça Documentário cênico sobre a morte na vida da grande cidade refaz o percurso narrado por uma senhora de 100 anos, Francisca, para retratar as promessas da cidade e os fatos da realidade que ainda hoje, merecem revisitação. A encenação é assinada por Marcelo Soler, doutor e mestre em artes cênicas pela ECA/USP, professor do Departamento de Artes Cênicas ECA/USP, na Faculdade Cásper Líbero e na FPA.
E também continuam as visitas guiadas com o amigo Francivaldo Lima, o Popó, sempre as terças e sextas-feiras, às 9h e 14h e às quartas-feiras, às 10h, 12h, 14h e 16h. Para participar basta se inscrever no email da prefeitura (que é a responsável por todas as informações e horários que eu divulguei aqui). O endereço é assessoriaimprensa@prefeiturasp.gov.br
Vale a pena conferir e adicionar estes importantes "museus a céu aberto" na agenda cultural de vocês... Ah, e toda a programação é gratuita!!!!!!