Via Franca

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domingo, 6 de março de 2016

Filme: "Filho de Saul"

Neste final de semana fui conferir o longa "Filho de Saul" (Saul Fia), no Reserva Cultural (além deste cinema também aparece em cartaz no Espaço Itaú Augusta e no Caixa Belas Artes, todos na cidade de São Paulo).
Premiado e sucesso de crítica não me decepcionou. Com a sua tomada sui generis, parecendo a todo momento que vemos a cena sob a perspectiva da personagem central (quase uma selfie) deixa a imagem já monstruosa da Segunda Guerra Mundial, ainda mais dolorosa. Inclusive, a câmera só se afasta dele na cena inicial e no final do filme.
Um judeu trabalha em um campo de concentração nazista como sonderkommando (um trabalhador judeu recrutado e separado dos demais que fazia serviços para os alemães e que depois seria também executado), ajudando na limpeza das câmaras de gás e na retirada dos corpos das execuções dos alemães, até que entre um deles encontra o de um garoto.
A partir daí, o filme se desenrola na sua tentativa insana de dar um enterro digno ao garoto, dentro das tradições judaicas.
É impressionante o semblante do protagonista durante todo o filme, com uma ligeira mudança apenas no seu final.
Impossível sair do cinema sem se indignar com as atrocidades e horrores causados pelos seres humanos contra a sua própria espécie.
Sinceramente, assistindo a reações e situações que ultimamente tem acontecido no nosso país e no mundo, mais o que tenho visto nas redes sociais (com os comentários raivosos de uma parcela de internautas), sequer me dá a esperança que estes horrores da Segunda Guerra Mundial estejam restritos a uma história que passou e que nunca mais se repetirá.
O passado deveria servir de exemplo para nos lembrar do quanto cruel e traiçoeiro é o ser humano. O quanto mal ele pode causar em nome do conceito de superioridade étnica e religiosa.
Que continuemos lutando contra tudo o que nos separa e divide. Contra tudo o que nos deixa ainda mais distantes economicamente e socialmente. Isso sim gera as guerras e as suas atrocidades. E o nosso país não está livre deste mal, pois ódio há de sobra na nossa população.
"A crueldade está em todos nós..."

Serviço:
"Filho de Saul"
2015 - Drama - 1h47 de duração.

Sinopse
Outubro de 1944, Auschwitz-Birkenau. Saul Ausländer é um membro húngaro do Sonderkommando, o grupo de prisioneiros judeus isolados no campo e forçados a assistir aos nazistas com sua máquina de extermínio de larga escala. Enquanto trabalhava em um dos crematórios, Saul descobre o corpo de um menino que ele assume como sendo o de seu filho. Enquanto o Sonderkommando planeja uma rebelião, Saul decide realizar uma tarefa impossível: salvar o corpo do menino das chamas, encontrar um rabino para recitar o Kadish dos Enlutados e dar ao menino um enterro digno.
Direção: László Nemes
Elenco: Géza Röhrig, Levente Molnár, Urs Rechn, Sándor Zsótér, Christian Harting.
Oscar de melhor filme estrangeiro.

sexta-feira, 4 de março de 2016

Roteiro dos Bandeirantes

Conhecer uma parte dos caminhos históricos feitos por homens que desbravaram o interior do nosso país é o objetivo do Roteiro dos Bandeirantes. O rio sempre foi uma verdadeira “estrada”, por onde os barcos das expedições (que eram conhecidas como monções) navegavam em busca de riquezas, escravos indígenas e informações sobre o território desconhecido (pouco explorado pelos portugueses).
Além da parte histórica, há uma discussão ambiental/ecológica sobre o atual estado de degradação do Rio Tietê, com as suas causas e consequências para a população em geral. É uma bela oportunidade de entrar em contato com geografia peculiar do “vale do Tietê”.
Santana do Parnaíba com o seu pequeno centro histórico bem preservado (há casas dos séculos XVII, XVIII e XIX), igreja, museu Casa do Anhanguera e praça com coreto fornece um cenário bem propício para conversas sobre a importância do bandeirantismo e a figura polêmica dos principais bandeirantes.
Pirapora do Bom Jesus com o seu forte apelo religioso, onde outrora havia passeios de barcos pelo rio, dá a verdadeira sensação de descaso que tivemos com o nosso patrimônio hídrico, com um nível de poluição que incomoda os visitantes e traz prejuízos econômicos e sociais para a cidade.
Depois, seguindo pela Estrada Parque depara-se com uma mudança de paisagem, onde a estrada acompanha a sinuosidade do rio, com longos trechos de mata nas encostas de vale da Serra do Japi. Infelizmente, a famosa espuma que flutua no Tietê ainda continua visível nas pequenas barragens e corredeiras deste trecho.
A chegada em Itu coloca o grupo em contato com a “terra dos exageros”, onde pode-se comprar algumas lembranças (souvenires) de artigos com um tamanho maior que o habitual (bem característicos da cidade) e conhecer um dos maiores patrimônios geológicos do nosso país, o Parque dos Varvitos. O seu centro histórico, com a Igreja da Candelária, Museu Republicano e praça com coreto são bem interessantes também.
Após o almoço, duas opções podem complementar o estudo: uma visita à cidade de Salto, com uma última observação do Rio Tietê e um memorial que fecha o entendimento da sua importância para o nosso estado e país ou então uma ida à cidade de Porto Feliz, local oficial de saída das expedições fluviais de desbravamento do interior do Brasil, com visita ao Parque e Monumento das Monções.