Via Franca

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segunda-feira, 23 de setembro de 2013

"O Ouro do Reno" vai ser apresentado apenas na forma de concerto

Recebi o email abaixo do Theatro Municipal de São Paulo.

O Ouro do Reno terá apresentações em forma de concerto
(Datas permanecem inalteradas)
"A Fundação Theatro Municipal de São Paulo decidiu transformar a montagem da ópera O Ouro do Reno, de Richard Wagner, em apresentações sob a forma de concerto.
As datas dos concertos serão as mesmas programadas para as récitas da referida obra.
O objetivo da Fundação Theatro Municipal de São Paulo é manter o elenco anunciado em sua integralidade, assim como a direção musical do Maestro Luiz Fernando Malheiro.
O público terá a opção de ressarcimento. Quem adquiriu ingressos pelo site ou call center da Ingresso Rápido poderá solicitar ressarcimento por meio do telefone 4003-2051. Quem comprou na Bilheteria do Theatro ou em um dos pontos de venda da Ingresso Rápido, deve procurar o mesmo local para solicitar a devolução.
Aos Assinantes que mantiverem seus ingressos será oferecido um desconto de 10 % na renovação da assinatura para a temporada 2014."
(Fundação Theatro Municipal de São Paulo)

Intrigante cancelamento dos figurinos e cenários e manutenção do corpo musical (elenco de cantores e músicos), me fizeram pesquisar os motivos para tal mudança.
Não há informações disponíveis no site do Municipal ou nota alguma publicada, explicando os fatos reais.
Li uma entrevista muito interessante no site do Jornal Cruzeiro do Sul, de Sorocaba, e a reproduzo aqui, na sua maior parte (a matéria foi elaborada com base na entrevista concedida pelo diretor cênico André Heller-Lopes à Agência Estado).

"Questionada sobre os motivos que levaram à decisão, a Fundação Teatro Municipal disse apenas que ela se deve a "questões administrativas internas". Nos bastidores, porém, fala-se de divergências entre a direção da casa (no caso, representada pela figura do controvertido maestro John Neschling) e o diretor cênico André Heller-Lopes.
Em entrevista à reportagem, concedida por telefone de Buenos Aires, onde dirige uma produção da ópera Jenufa, Heller-Lopes classificou a decisão do teatro de "inexplicável e lamentável". "Os cenários estão desenhados, os figurinos estão desenhados, já começaram a ser confeccionados. Nem sei o que dizer, mas é realmente uma lástima que a única produção feita por um brasileiro na temporada deste ano seja cancelada dessa forma, por e-mail."
Heller-Lopes fez, desde o início da gestão de John Neschling como diretor artístico, em janeiro, críticas a algumas das decisões do maestro. Em sua página no Facebook, por exemplo, elogiou a atuação de cantores brasileiros na ópera Don Giovanni e chamou de "genéricos" alguns dos solistas estrangeiros convidados pelo teatro - um deles, o tenor Emilio Pons, que atua na temporada atual da ópera Don Giovanni, de Mozart, chegou a questioná-lo na rede social pelo conteúdo do comentário. O post foi apagado em seguida.
O diretor também questionou publicamente, em entrevista à reportagem concedida no começo de julho, a decisão do maestro de não dar continuidade, em 2014, ao ciclo O Anel do Nibelungo, de Wagner, que inclui quatro óperas e tem sido dirigido por ele - em 2011, foi apresentada A Valquíria; em 2012, O Crepúsculo dos Deuses; e, depois de O Ouro do Reno em 2013, a expectativa era de que a ópera restante, Siegfried, subisse ao palco em 2014, encerrando a tetralogia.
O que se diz nos bastidores é que as manifestações públicas do diretor teriam gerado um clima insustentável de trabalho. Mas Heller-Lopes não concorda. "Ainda na semana passada, antes de eu vir para Buenos Aires, deixamos prontas duas das quatro cenas de Ouro do Reno. O projeto cenográfico e de figurino está concluído e, na sexta passada, ele foi apresentado ao próprio Neschling. Acho que aí, nessa conversa, reside a chave de todo esse problema. Nós discordamos e eu não me calei. Eu tenho uma personalidade forte, mas procuro trabalhar com parceiros artísticos e não subordinados. Um teatro como o Municipal é público e não pertence a uma só pessoa."

Bom, independente do que aconteceu, quem na realidade sai perdendo é o público, já que não temos uma temporada regular de óperas em São Paulo, em uma grande casa como o Municipal, sem que ocorram vários problemas.
Não vou pedir devolução do meu par de ingressos, mas não vai ser a mesma emoção.
Infelizmente a "fogueira de vaidades" que domina este meio, fez mais uma vítima: o público que adquiriu a sua assinatura muito antecipada.
Mas, mesmo assim ainda acredito no profissionalismo dos envolvidos nas outras produções.
E continuo recomendando o gênero como garantia de diversão e cultura.

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