Via Franca

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sábado, 20 de fevereiro de 2016

Passeando pelo centro velho de São Paulo

Muitos paulistanos conhecem muito bem o centro antigo da sua própria cidade.
Vários deles trabalham nele ou passam algumas vezes no local, por semana, para resolver algum compromisso pessoal ou de trabalho.
Mas, mesmo estas pessoas, muitas vezes não prestaram atenção na riqueza de detalhes e na beleza estética que possui este local da metrópole.
Por isso, vários grupos se reúnem para fazer roteiros turísticos pelas principais ruas e monumentos do centro velho...
Tem a gostosa sensação de "sentir-se turista na sua própria cidade".
Amanhã (dia 21 de fevereiro) um amigo fotógrafo e eu, estamos montando o nosso próprio grupo espontâneo para trocar informações sobre a parte histórica da cidade e também sobre fotografia no dia a dia (aquela feita com o nosso celular).
Marcamos o encontro nas catracas do Metrô da estação São Bento (nada mais paulistano que se encontrar nas catracas do metrô, rsrsrs) e, a partir de lá, vamos circular e conhecer alguns detalhes pitorescos da nossa cidade.
Não é pretensão dizer que usamos praticamente todos os nossos sentidos neste tour... Desde o sabor de um bom cafezinho em alguma das cafeterias mais tradicionais do local, passando pela textura das suas diferentes construções, sentindo aromas nem sempre agradáveis (que são frutos da grande desigualdade que é bem visível naquele local), sons de artistas de rua, carros e as belas vistas que conseguimos nos seus mirantes mais conhecidos.
Amanhã, vamos priorizar os aspectos de ocupação e crescimento da cidade, desde os jesuítas até os grandes fluxos de migração interna.
No Pátio (ou Páteo) do Colégio descobriremos uma vila que teve um crescimento ínfimo até a segunda metade do século XIX (em 1890 a cidade possuía apenas 70 mil habitantes), mas que depois do crescimento econômico gerado pela lavoura cafeeira, atraiu muitos imigrantes principalmente italianos (que eram chamados de "carcamanos" pelos locais).
Na região, é possível conhecer algumas das edificações mais antigas da nossa cidade, como a casa número 1 (onde funciona o Museu da Cidade, seçõ conhecida como "Casa da Imagem", que guarda nas suas paredes um mapa muito antigo do local) e o "solar da Marquesa de Santos" (que teve entre tantos proprietários a dona Domitília de Castro e Canto Melo, a Marquesa de Santos), com suas histórias de festas e saraus que agitavam a provinciana vila na metade do século XIX...
Dali, seguiremos pela rua XV de Novembro passando pelos fundos do Centro Cultural Banco do Brasil (que fica na Rua Álvares Penteado, 112) que está recebendo uma significativa exposição do genial artista holandês Mondrian (criador do neoplasticismo). Se tivermos sorte e pegarmos uma fila pequena podemos até subir e conferir algumas das suas obras.
Voltando na rua XV vamos observando a variação arquitetônica do local, com a desconstrução e reconstrução de estilos que forem se sucedendo na medida que o capital ia sendo injetado na cidade e também fruto do enriquecimento de muitos imigrantes da época, que investiam parte dos seus recursos no campo imobiliário (muitos deles nos presentaram com a beleza do ecletismo italiano, facilmente observável e identificável neste nosso tour).
Com o crescimento industrial de São Paulo, que foi o responsável direto pelo "boom" da expansão urbana e demográfica da capital, os estilos foram se sucedendo, chegando a Art Nouveau (pronuncia-se "aʁ nu'vo"), a Art Déco, a Arquitetura Fascista e outras mais modernistas.
Paramos no emblemático Edifício Martinelli, chamado de "bolo de noiva" pelo escritor Oswald de Andrade e, se for permitido (já que as visitas estão suspensas pela prefeitura), subiremos para observar parte da cidade pelo seu mirante (localizado no 26º andar). Várias histórias interessantes fazem deste local uma das mais comentadas e intrigantes edificações da metrópole.
De lá, seguiremos pela rua São Bento, passando pelo Largo do Patriarca, Viaduto do Chá (com a sua bela vista para o degradado Vale do Anhangabaú) e Theatro Municipal (que infelizmente está fechado para visitantes, no domingo)...
O almoço será no Shopping Light, também localizado em um prédio histórico, inaugurado em 1929 (o edifício Alexandre Mackenzie, que foi sede da Companhia canadense São Paulo Tramway, Light and Power Company ou simplesmente "Light" que foi responsável pela iluminação da cidade entre 1899 e 1981).
Valendo-se do ditado "barriga cheia, pé na areia", depois do almoço finalizaremos o nosso tour na Praça da Sé. Para chegarmos lá iremos pela famosa rua Direita, onde poderemos observar o interessante edifício Ouro Para o Bem de São paulo, construído com recursos obtidos pela doação de bens (ouro, principalmente) das famílias mais tradicionais da elite paulistana no contexto da Revolução Constitucionalista de 1932.
Na Praça da Sé, o nosso objetivo é adentrar a famosa catedral, inaugurada inacabada em 1954 (ainda não tinha as suas torres) e, se tivermos sorte, conhecer a sua cripta (uma espécie de capela subterrânea onde guardam os restos mortais dos arcebispos, bispos e personagens históricos), pois ela fica aberta até às 15h.
O Cptec/Inpe e o Climatempo dão como previsão para o domingo, uma manhã ensolarada e possível chuva à tarde (que acredito não irá atrapalhar a nossa caminhada).
Então, quem quiser compartilhar conosco, muitas experiências históricas, culturais e geográficas, nos encontre nas catracas do metrô São Bento às nove da manhã...
E vamos explorar São Paulo...

Obs.: imagem da catedral by Leandro Zermiani (Trilhas e Imagens)

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